HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO Linfoma Difuso de Grandes Células B (LDGCB) é uma doença linfoproliferativa agressiva, mas com potencial de cura. Devido à imunossupressão secundária à doença e à quimioterapia, esses pacientes são passíveis de complicações infecciosas atípicas. Relatamos caso de paciente com LDGCB que, 1 ano após término do tratamento quimioterápico, evoluiu com linfadenomegalias que, biopsiadas, resultaram no diagnóstico de Histoplasmose disseminada, mimetizando progressão de doença linfoproliferativa. Metodologia: Estudo descritivo tipo relato de caso, incluindo histórico clínico, tratamento prévio, evolução e exames referentes à internação em hospital público de Brasília-DF. Dados provenientes do prontuário.
Descrição do casoPaciente, 61 anos, sexo feminino, portadora de LDGCB, subtipo centro germinativo, Lugano III, IPI III. Realizou 6 ciclos de R-CHOP, última sessão em 15/07/2024, com resposta completa por PET. Durante acompanhamento ambulatorial, surgiram adenomegalias cervicais, axilares e inguinais, associadas a sudorese noturna e perda ponderal de 16 kg em 3 meses. PET-CT em 15/05/2025 mostrou linfonodomegalias difusas com hipermetabolismo, sugestivas de recaída. Biópsia de linfonodo axilar: linfadenite granulomatosa fúngica compatível com Histoplasmose. Internada em 13/06/25 para tratamento com Anfotericina B lipossomal (5 mg/kg) por 14 dias e posterior Itraconazol por 12 semanas. Após 10 dias, evoluiu com choque séptico e disfunção múltipla de órgãos. Apresentava citopenia, febre e hiperferritinemia, aventando-se hipótese de linfohistiocitose hemofagocítica (LHH) secundária; iniciada corticoterapia empiricamente (10 mg/m2). Exames posteriores descartaram hipótese (Hscore <1%). Apesar do tratamento antifúngico e suporte, evoluiu a óbito em 18/06/2025. Discussão: Histoplasmose é infecção fúngica sistêmica pelo Histoplasma capsulatum, fungo dimórfico transmitido por inalação de microconídios de solos contaminados com dejetos de aves e morcegos. Revisão sistemática de 34 casos (2001-2024) observou 73,5% relacionados a neoplasias hematológicas, potencializada quando associada ao HIV. Por manifestações como febre indeterminada, adenomegalias e perda ponderal, pode mimetizar progressão de doença, retardando tratamento. Discutir diagnósticos diferenciais é essencial. A LHH secundária, adquirida, afeta adultos, desencadeada por doenças autoimunes (12%), câncer (28%) ou infecções (50%), como Histoplasmose. Descartá-la impacta diretamente o tratamento e prognóstico.
ConclusãoO desfecho desfavorável evidencia a complexidade no manejo de doenças hematológicas, em que imunossupressão severa favorece infecções graves e atípicas. Neutropenia funcional e defeito de linfócitos citotóxicos ocasionam complicações imunológicas severas. Suspeita precoce, acesso a exames e laudos rápidos, aliados a uso inteligente de Scores diagnósticos direcionando início imediato do tratamento, são determinantes para melhor prognóstico.




