
Conhecer o perfil das reações transfusionais imediatas no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS).
Materiais e MétodosEstudo documental retrospectivo, descritivo, com abordagem quantitativa, realizada na unidade transfusional do HU-UFS no período de janeiro a julho de 2022. Os dados foram coletados nas Ficha de Notificação e Investigação de Incidentes Transfusionais (FIT), foram incluídas as suspeitas de reações ocorridas nas clínicas médicas e cirúrgicas, pediatria, onco-hematologia e Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na FIT verificou-se o tipo de reação, transfusão prévia, histórico de reações, hemocomponente e diagnóstico.
ResultadosNo período avaliado foram realizadas um total 3.317 transfusões de hemocomponentes, sendo notificado 23 casos suspeitos de reação transfusional imediata, representando uma incidência de 0,69% casos suspeitos. Após investigação, 4 (17,39%) casos foram descartados e 19 (82,61%) casos foram confirmados como reações transfusionais imediatas. Quanto a classificação quanto ao tipo de reação, verificou-se, que as mais frequentes foram reação febril não hemolítica com 08 casos (42%), reação do tipo alérgica leve a moderada com 04 casos (21%) e dispneia associada à transfusão com 03 casos confirmados (15%). Os hemocomponentes envolvidos nas reações foram o Concentrado de Hemácias (CH) presente em 42% dos casos, Concentrado de Plaquetas (CP) em 31% e CH Filtradas, em 15% das notificações. 78% dos pacientes tinham histórico transfusional prévio e 39% já haviam apresentado algum tipo de reação transfusional prévia. 77,7% dos casos de reação febril não hemolítica ocorreram com a transfusão de CH, bem como com 01 caso de reação de sobrecarga circulatória relacionada à transfusão. Já CP esteve relacionado com casos de reação alérgica leve a moderada e com as reações mais graves notificadas, 01 caso de reação alérgica grave e 01 caso de Lesão Pulmonar Aguda Relacionada a Transfusão (TRALLI). Quanto ao diagnóstico clínico observou-se uma grande variedade de CIDs. O maior número de notificações ocorreu na enfermaria onco-hematológica.
DiscussãoEvidenciou-se na literatura pesquisas indicando que a maior parte das reações transfusionais ocorrem em pacientes oncológicos devido ao estado imuno-hematológico desencadeado por patologias e tratamentos quimioterápicos bem como pela necessidade de múltiplas transfusões no decorrer do tratamento. Na literatura evidencia-se ainda um maior envolvimento de CH nos relatos de reações transfusionais, provavelmente por sua ampla utilização, bem como identificou-se ainda maior incidência de reações transfusionais mais leves, permeando 94,7% dos eventos adversos pós transfusionais. As reações febris não hemolítica e alérgicas leve a moderada são as mais comumente relatadas na literatura.
ConclusãoEvidenciou-se uma incidência de 0,69% de suspeitas de reação transfusional, sendo estas mais frequentes em pacientes onco-hematológicos, com histórico de transfusões prévias e após uso de CH. Quanto a classificação das reações, a febril não hemolítica e alérgica leve a moderadas foram as mais frequentes. É imprescindível o conhecimento do perfil de reações transfusionais no intuito de prevenir e/ou minimizar o risco da transfusão, bem como para elaboração de protocolos internos com objetivo de orientar/atualizar profissionais para tomada de condutas frente às reações transfusionais.