
A transfusão de hemocomponentes pode acarretar benefícios e riscos ao receptor. As reações transfusionais são eventos adversos decorrentes da transfusão sanguínea, que podem ocorrer durante ou após a sua administração. Este trabalho tem como objetivo relatar a prevalência de notificações de reações transfusionais (RT) em um Hospital Universitário do Sul do Brasil (HCPA) no período de 2011 a 2021.
Material e métodosForam analisadas as fichas de reações transfusionais preenchidas pelo Serviço de Hemoterapia do HCPA de janeiro de 2011 a dezembro de 2021.
ResultadosA hemovigilância brasileira é um processo de trabalho robusto e bem estabelecido desdea implementação de legislações pelo ministério da saúde em 2001. O programa avalia a utilização dos hemocomponentes a fim de prevenir os incidentes transfusionais. A realidade do HCPA é a de um hospital de grande porte, universitário, geral, que realiza transplantes de órgãos sólidos e de células progenitoras hematopoéticas, sendo esse participante da rede Sentinela. Mensalmente, a instituição realiza em torno de 2.500 transfusões sanguíneas, com uma média de 134 relatos de RT ao ano, considerando 2011-2021.Seguindo o padrão da literatura sobre a temática, em nossa instituição as RT mais prevalentes também são as alérgicas e febris não hemolíticas. A partir dos anos de 2015 e 2016 a instituição investiu em capacitação sobre cuidados transfusionais e RT de forma presencial e EAD. A partir dos anos de 2017 houve aumento de cerca de 9,5% de notificações, principalmente nas RT de sobrecarga volêmica e dispnéia associada à transfusão, demonstrando que as estratégias de ensino foram eficazes para a qualificação da assistência das equipes que atendem os pacientes receptores de hemocomponentes.
DiscussãoA notificação de RT é um excelente marcador da qualidade de atendimento dos profissionais assistenciais durante o ato transfusional, pois avalia a capacidade das equipes em identificar com brevidade e de forma assertiva esse evento. Ter conhecimento dos dados do nosso histórico de RT notificadas e comparar o que está descrito em literatura auxilia centros como o nosso a traçar metas de treinamento para as equipes assistenciais, objetivando, assim, que saibam identificar, atender e notificar o maior número possível de reações. Com isso espera-se melhorar a qualidade e agilidade no atendimento, bem como, se necessário, verificar possíveis mudanças na produção e/ou fornecimento dos hemocomponentes.
ConclusãoApesar da prescrição e administração serem corretas, uma RT pode ocorrer. Nestes casos é necessário que os profissionais envolvidos neste processo sejam capacitados a identificar e agir prontamente utilizando as estratégias mais adequadas conforme protocolos institucionais a fim de resolver a intercorrência e prevenir novos episódios de reação transfusional. E com a análise dos dados pode-se ver que os profissionais do HCPA envolvidos no processo de transfusão de hemocomponentes são altamente capacitados a identificarem uma reação transfusional, o que contribui para um melhor e mais seguro atendimento aos pacientes que necessitam de suporte transfusional.