
A COVID-19 é síndrome respiratória aguda grave causada pelo Coronavírus SARS-CoV-2. Visando a segurança transfusional, novos critérios de triagem clínica foram estabelecidos considerando o risco de COVID-19 entre doadores.
ObjetivoEste estudo teve como objetivo avaliar a frequência de testes positivos para SARS-Cov-2 entre doadores de sangue considerados aptos para doar.
MétodosFoi realizado um estudo transversal retrospectivo com amostras de soro de doadores de sangue, que doaram entre janeiro e março de 2021 no Banco de Sangue do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Essas amostras foram triadas para pesquisa de anticorpos IgG e IgM contra o epítopo RBD da proteína Spike do SARS-CoV-2 no Teste Rápido (TR) qualitativo Kit One Step COVID-2019 (CELER). Os dados foram compilados e analisados no sistema SPSS v. 18.
ResultadosForam realizados TR para COVID-19 em 1837 amostras de soro, sendo que 245 apresentaram positividade, representando uma frequência de 13,3%. Dentre essas amostras positivas, 102 (41,63%) referiram não ter tido contato prévio com o Coronavírus nem serem vacinados. Por outro lado, 67 doadores (27,34%) com resultados positivos, informaram durante a triagem clínica estarem vacinados com a 1ª ou a 2ª dose contra o COVID-19, sendo que cerca de 37% dessas pessoas vacinadas já haviam apresentado diagnóstico prévio de COVID-19. Ainda entre os positivos, 18 doadores (7,3%) referiram ter tido COVID-19 há mais de 6 meses do ato da doação, enquanto que 68 (27,75%) apresentaram diagnóstico positivo há menos de 6 meses.
ConclusãoOs resultados encontrados demonstraram uma elevada taxa de positividade nos TR contra COVID-19 entre doadores de sangue. Fato que preocupa, é que uma parcela importante de doadores poderia estar assintomática no momento da doação, visto que a maior parte dos positivos afirmaram não ser vacinados e não ter tido contato prévio com o Coronavírus. Apesar da regulamentação acerca dos critérios para a triagem clínica dos doadores de sangue, a triagem laboratorial para COVID-19 não é obrigatória. Não há até o momento consenso na literatura quanto à transmissão transfusional do coronavírus. Desta forma, é necessário o acompanhamento dos pacientes que receberam hemocomponentes provenientes de doadores com testes positivos para SARS-CoV-2 a fim de comprovar ou descartar a transmissão de COVID-19 por transfusão sanguínea.