Objetivos: Avaliar a presença de anticorpos anti-HLA em pacientes oncohematológicos da enfermaria de hematologia da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Métodos: Pacientes internados, com diagnóstico de doença oncohematológica, foram submetidos a um questionário sobre: número de gestações, transfusões e transplantes prévios. Todos incluídos concordaram em participar do estudo e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (CEP: 187/16). A pesquisa de anticorpos anti-HLA foi realizada pela tecnologia LabScreen/Luminex, por ensaio misto (Mixed) e valores de intensidade de imunofluorescencia acima de 300 foram considerados como positivos. Resultados: Foram incluídos 53 pacientes, sendo 50,9% do sexo feminino e 49,1% masculino. A média de idade foi de 50,05±18,44 anos. O diagnóstico mais comum foi linfoma não-hodgkin com 30,2% dos casos, seguido por LMA com 20,8%, LLA com 17%, linfoma hodgkin com 11,3%, mieloma múltiplo com 7,5%, LLC com 3,8% e outros diagnósticos com 7,5%. Dois pacientes possuíam transplante autólogo e um alogênico. Dos pacientes, 71,6% possuíam mais que duas transfusões prévias. A média gestacional foi de 3,3 entre as mulheres e houve associação entre presença de anticorpos anti-HLA de classe I e gênero, com OR= 3,94 (1,21–12,8) para o genero feminino. Também houve associação entre mais de 5 gestações e sensibilização para HLA de classe I (p=0,02), porém não para Classe II. Não houve associação entre transfusão e sensibilização. Também não houve associação com diagnóstico, mesmo quando estratificado para leucemias agudas. A frequência de sensibilização para classe I foi de 34% e de 28% para classe II. Discussão: A presença de anticorpos anti-HLA Classe I presente entre 18% a 45% de pacientes oncohematologicos pode causar refratariedade plaquetária imune ou comprometer as perspectivas de enxertia da medula no transplante, especialmente quando o anticorpo for específico contra o antígeno do doador (DSA). A implementação da redução universal de leucócitos, incluindo a de pré-armazenamento, ainda pouco disponível no Brasil, pode contribuir para taxas de aloimunização mais baixas. Além disso, serviços capazes de detectar anticorpos anti-HLA, com busca de doadores adequados podem oferecer um melhor planejamento hemoterápico, com um número menor de transfusões e melhor incremento nos casos de refratariedade. A alta frequência de pacientes sensibilizados neste estudo, em especial as multíparas, também aponta para a necessidade de minimizar ao máximo o risco de falha de enxertia, tanto pela pesquisa de DSA antecedendo o TMO, quando há alguma incompatibilidade entre doador e receptor; quanto pelo emprego de técnicas de leucodepleção para minimizar a aloimunização. Conclusão: Nossos dados estão de acordo com a literatura, em que a gestação é um evento sensibilizante, com uma incidência muito alta de imunização. Encontramos que mulheres têm quase 4 vezes mais chance de serem aloimunizadas para anti-HLA classe I do que homens. Não houve associação entre diagnóstico e aloimunização e também não houve associação com a presença de transfusão.
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