
Analisar o índice de resolução de discrepâncias na tipagem direta, reversa e fenotipagem CDE e Kell-1 para doadores de sangue do Hemocentro Regional de Santa Maria (HEMOSM) e seu uso como indicador de qualidade no laboratório de imunohematologia após um ano da sua implementação.
Material e métodosTrata-se de um estudo observacional, realizado pela busca das informações pertinentes no Sistema HEMOVIDA (Sistema Nacional de Gerenciamento em Serviços de Hemoterapia) e nos arquivos do Laboratório de Imunohematologia do HEMOSM, durante o período de agosto/2020 a julho/2021.
ResultadosDurante o primeiro ano do emprego do índice de resolução de discrepâncias ABO, Rh CDE e Kell-1, foram identificados um total de 10 doadores com resultados discrepantes, dentre os quais 5 apresentaram discrepância associada à tipagem reversa, 2 associada à tipagem direta e 3 foram discrepantes em relação à fenotipagem Rh CDE e Kell-1. Destaca-se que o índice de resolução das discrepâncias foi de 100%. As técnicas empregadas usualmente no laboratório de imunohematologia são aglutinação/centrifugação em cartão gel, no entanto, para a resolução de algumas discrepâncias fez-se o uso de técnicas menos sensíveis, como a utilização de reação em tubo. A técnica em tubo foi capaz de solucionar tipagens com resultados divergentes. Em relação à prova direta e fenotipagem Rh CDE e Kell-1, ambos os tipos de discrepâncias foram resolvidos através da lavagem das hemácias com solução salina à temperatura ambiente (TA) ou a 37°C, o que pode remover a interferência de crioaglutininas. Todavia, em relação à prova reversa, 3 casos foram resolvidos através da potencialização da reação por meio de incubação de 2–6°C por 30 minutos, ou ainda pela adição do dobro de plasma à reação. As outras 2 discrepâncias na tipagem reversa foram resolvidos na técnica em tubo (menor sensibilidade, mas com adequada especificidade) onde se confirmou o resultado da prova direta.
DiscussãoDiscrepâncias na realização dos ensaios acontecem quando, por exemplo, a tipagem direta é discordante da tipagem reversa e vice-versa. Outra situação, relativa às discrepâncias com a tipagem Rh CDE e Kell-1, pode surgir como suspeita quando da ocorrência de reações fracas ou com controle positivo. Neste estudo observou-se que as discrepâncias ABO foram as mais comuns, tratando-se de situações de reações fracas ou reações positivas inesperadas. A resolução destes resultados discordantes ocorreu pela simples técnica de lavagem das hemácias com solução salina a TA ou a 37°C. Outra simples forma de resolução de reações fracas nas provas de tipagem reversa foi o emprego de temperaturas baixas.
ConclusãoÉ possível observar que as técnicas de lavagem de hemácias e incubação da reação são eficientes na resolução de discrepâncias, uma vez que, respectivamente, ajudam a retirar das hemácias possíveis interferentes presentes no plasma ou aderidos a elas, bem como, ajudam a potencializar reações, uma vez que aumentam a interação entre AG e AC. Além disso, deve-se destacar que a resolução de discrepâncias é de suma importância para que se tenha segurança nos resultados liberados e que, dessa forma, seja garantida a qualidade dos hemocomponentes produzidos.