
Identificar e sumarizar as informações sobre eventos trombóticos ou hemorrágicos no pós-operatório de pacientes com Hemofilia A congênita sem inibidores, tratados com Emicizumabe.
Materiais e métodosRealizou-se uma revisão narrativa da literatura utilizando a base de dados PubMed, seguindo a metodologia PICO e descritores MeSH específicos. Incluíram-se estudos envolvendo pacientes com HA congênita sem inibidores tratados com Emicizumabe e submetidos a procedimentos cirúrgicos, em inglês ou português. Foram excluídos artigos relacionados a outras condições, HA adquirida, HA com inibidores, estudos in vitro ou em animais, estudos de custo-efetividade, opiniões de especialistas, satisfação dos usuários, revisões e diretrizes. Estudos que envolvessem pacientes com e sem inibidores foram considerados desde que fosse possível diferenciar os dados dos indivíduos sem inibidores.
ResultadosForam encontrados 75 artigos, dos quais 9 artigos cumpriam os critérios de seleção, resultando em um total de 212 pacientes, sendo 68 eram indivíduos sem inibidores que realizaram procedimentos cirúrgicos. A faixa etária foi variada, e o tempo médio de uso prévio do Emicizumabe variou de 2 e 88 semanas. Procedimentos de menor porte foram mais predominantes, com prevalência de remoção de cateter portocath (39,4%) e extração dentária (21,0%). Em 59 procedimentos os pacientes necessitaram de medicação pró-coagulatória adicional no período perioperatório. Durante o acompanhamento ocorreram um total de 7 (9,2%) eventos hemorrágicos, nenhum evento trombótico e 69 (90,7%) procedimentos sem intercorrências.
DiscussãoEmicizumabe demostrou ser uma medicação segura e eficaz na prevenção eventos hemorrágicos. Os achados demonstram que não houve eventos hemorrágicos significativos no perioperatório e que a medicação não foi um fator predisponente a eventos trombóticos, sendo importante a associação do Emicizumabe à outra medicação pró-coagulatória, o que sugere que isoladamente o Emicizumabe ainda é insuficiente para prevenir desfechos hemorrágicos. A escassez de dados sobre o manejo perioperatório com Emicizumabe e a falta de critérios estabelecidos para a combinação medicamentosa apontam para a necessidade de mais estudos para guiar a prática clínica.
ConclusãoO Emicizumabe é uma opção promissora para prevenir complicações em pacientes com HA sem inibidores, mas a prevenção isolada ainda é limitada, sendo necessária a associação de medicações auxiliares. Estudos adicionais são necessários para definir protocolos de manejo perioperatório e melhor compreender o uso do Emicizumabe e seus impactos clínicos.