HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA planta Dioscorea zingiberensis, tradicionalmente utilizada na medicina chinesa, contém elevado teor de saponinas esteroidais, das quais a diosgenina é o principal componente ativo e é alvo de estudos como um potencial agente multifuncional, atuando na trombose, aterosclerose e inflamação crônica.
ObjetivoO presente estudo teve como objetivo revisar a literatura para descrever o efeito antitrombótico do extrato de diosgenina derivado da Dioscorea zingiberensis (inhame).
Material e métodosPara esta revisão, foram realizadas buscas nas bases de dados Pubmed, Web of Science e Scopus. As palavras-chave utilizadas foram “Dioscorea zingiberensis”, “antithrombotic”, “diosgenin” e “yam”, sem restrições de tempo ou idioma. A seleção e filtragem dos artigos, bem como a remoção de duplicatas, foram realizadas utilizando o software Rayyan. O trabalho incluiu artigos que abordavam o efeito antitrombótico do extrato em questão. Por outro lado, relatos de caso, editoriais, resumos e artigos sem texto completo foram excluídos da análise.
Resultados e discussãoInicialmente, setenta artigos foram identificados nas bases de dados. Desses, vinte e seis eram duplicatas e vinte e três foram selecionados para análise, conforme os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. A literatura científica disponível apresenta um forte consenso sobre o potencial terapêutico da Dioscorea zingiberensis estabelecendo-a como uma fonte proeminente de fitoquímicos bioativos, sendo a diosgenina seu principal componente, principalmente quanto a sua atividade antitrombótica ao atuar em múltiplos alvos moleculares e como inibidora da agregação plaquetária. Um derivado de diosgenina modificado por ligação com grupos funcionais polares mostrou-se eficaz na inibição de trombos arteriais e venosos em modelos animais, com menor risco de sangramento gastrointestinal em comparação com a aspirina, devido à inibição da agregação plaquetária induzida por ADP e à modulação do fator VIII. Além disso, avanços tecnológicos, como o uso de nanopartículas de diosgenina com sistemas de liberação pH-responsivos, aumentam a eficácia antitrombótica ao direcionar o composto para locais inflamados, preservando a hemostasia normal. O mecanismo de ação consiste na modulação da produção de eicosanóides, como o tromboxano A2, pela regulação da Ciclooxigenase-2 (COX-2), o que reduz a agregação plaquetária. Além disso, derivados de diosgenina demonstraram inibir fatores pró-coagulantes, como o Fator Tecidual (TF), reforçando seu perfil antitrombótico. Adicionalmente, alguns autores também estabeleceram algumas relações com tumores, em que revelaram uma conexão entre a trombose e o câncer, onde a dihidrodiosgenina, um derivado da diosgenina, mostrou capacidade de inibir o fator VIII e a ativação plaquetária associada à metástase de hepatocarcinoma, abrindo novas perspectivas terapêuticas que integram a modulação da trombose e da inflamação no tratamento do câncer.
ConclusãoOs estudos revisados apontam que os derivados da Dioscorea zingiberensis apresentam promissora atividade antitrombótica, por múltiplos mecanismos: inibição da agregação plaquetária, regulação de fatores da coagulação e modulação da inflamação. No entanto, embora os dados pré-clínicos sejam encorajadores, ensaios clínicos controlados são necessários para comprovar a eficácia, segurança e aplicabilidade da diosgenina no contexto terapêutico humano.




