Objetivos: Em modelos de neoplasias mieloproliferativas Filadélfia negativo (NPM), as espécies reativas de oxigênio (EROs) são elevadas e estão implicadas em instabilidade genômica, amplificação da sinalização JAK2/STAT e progressão da doença. Embora os efeitos potenciais das EROs tenham sido descritos como relevantes para o fenótipo das NPM, os efeitos do tratamento com ruxolitinibe, um inibidor de JAK1/2 em uso clínico, na regulação das EROs tem sido pouco explorados. No presente estudo, o impacto do tratamento com ruxolitinibe na rede de transcricional de sinalização redox e os efeitos do difenilenoiodônio (DPI), um pan-inibidor de NOX/DUOX, foram investigados em modelos celulares de neoplasia mieloproliferativas JAK2V617F positivas. Material e métodos: Um total de 81 genes relacionados à sinalização redox foram investigados em células SET2 após tratamento com ruxolitinibe por RNA-seq (acesso GEO: GSE69827). Para os ensaios funcionais e moleculares foram utilizadas células SET2 e HEL, que representam modelos celulares de NMP positivas para a mutação JAK2V617F com sensibilidade distinta à apoptose induzida por ruxolitinibe. A viabilidade celular foi avaliada por ensaio de MTT, apoptose por anexina V/PI e citometria de fluxo, e a sinalização celular por PCR quantitativo (PCRq) e Western blot. Para as comparações, foi utilizado o teste ANOVA e o pós-teste de Bonferroni. Um valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Resultados: O tratamento com ruxolitinibe impactou uma rede composta por genes relacionados à sinalização redox. Utilizando o ponto de corte de 2 vezes para qualquer direção, verificou-se que 16 genes eram diferencialmente expressos (6 com regulação negativa e 10 com regulação positiva), e os genes DUOX1 e DUOX2 foram identificados (e validados por PCRq) como possíveis moduladores da resposta ao ruxolitinibe (p < 0.05). DUOXes são isoenzimas que pertencem à família NADPH oxidase (NOX1-5 e DUOX1-2) e dedicadas à geração de EROs. Nas células SET2 e HEL, o DPI reduziu a viabilidade celular e, em concentrações baixas, potencializou significativamente a apoptose induzida por ruxolitinibe (p < 0.05). Utilizando análise de regressão não linear, os valores de IC50 para DPI em 48 horas foram de 4,2 e 0,5 μM, nas células SET2 e HEL, respectivamente. No cenário molecular, o DPI inibiu a fosforilação de proteínas efetoras da via PI3K/AKT/mTOR (S6RP) e JAK2/STAT (STAT3 e STAT5), e induziu a clivagem de PARP1 em células JAK2V617F positivas. O DPI combinado com o ruxolitinibe aumentou a clivagem da PARP1 nas células SET2 e a potencializou a redução da fosforilação induzida por ruxolitinibe de S6RP, STAT3 e STAT5 nas células HEL. Discussão e conclusão: Nosso estudo revela um potencial mecanismo de adaptação e resistência ao ruxolitinibe pela reprogramação transcricional da sinalização redox em células JAK2V617F positivas e expõe vulnerabilidades redox com potencial valor terapêutico nos modelos celulares de NPM. Apoio: FAPESP, CAPES e CNPq.
Informação da revista
Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 121-122 (novembro 2020)
Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 121-122 (novembro 2020)
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DPI, UM INIBIDOR DE NOX/DUOX, INDUZ APOPTOSE E AMPLIFICA OS EFEITOS ANTINEOPLÁSICOS DE RUXOLITINIBE EM MODELOS CELULARES DE NEOPLASIA MIELOPROLIFERATIVA
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K. Lima, L.R. Lopes, J.A. Machado-Neto
Departamento de Farmacologia, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil
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