Introdução: A anemia falciforme é alteração genética da hemoglobina, onde o ácido glutâmico é substituído pela valina na posição seis da extremidade N-Terminal da cadeia Beta, dando origem a hemoglobina S que evolui para falcização, mudança da forma normal da hemácia para a forma de foice. Essa patológica gera defeitos de opsonização e fagocitose fazendo com que o paciente portador de anemia falciforme possua uma maior pretensão às infecções. O pulmão é um dos principais órgãos atingidos por complicações agudas e crônicas. O objetivo deste relato é discutir o diagnóstico diferencial dos principais acometimentos pulmonares agudos em portadores de anemia falciforme. Materiais e métodos: Levantamento de prontuário, descrição e discussão de relato de caso de portador de doença falciforme com complicação pulmonar, por meio de uma revisão integrativa utilizando bases de dados PUBMED, MEDLINE, BVS e SCIELO. Relato: E.H.F., masculino, 24 anos, chega ao Pronto-Socorro com quadro de crise álgica, iniciada há um dia, sem melhora com analgesia oral, e impedimento deambulação. Refere uso regular de hidroxiureia, ácido fólico e nega febre. Dois dias depois evolui com dor torácica em base pulmonar esquerda, insuficiência respiratória, febre e queda da saturação de oxigênio. Tomografia Tórax evidenciou derrame pleural e atelectasia. Com estabilidade hemodinâmica foi transferido para Unidade de Terapia Intensiva (UTI), devido ao desconforto respiratório e piora do derrame pleural a esquerda. Na UTI foi realizada toracocentese seguida de drenagem torácica devido a característica exsudativa da secreção. Seguiu com melhora da dor, presença de expectoração esverdeada e ainda dois episódios de febre. Concluiu-se processo infeccioso, necessitando abordagem do derrame pleural (toracotomia com drenagem pleural fechada a esquerda). Paciente evoluiu estável, com melhora significativa da ventilação e sem febre 48 horas após procedimento cirúrgico. Com a melhora, obteve alta hospitalar. Discussão: O diagnóstico diferencial e a evolução das complicações pulmonares nos pacientes com anemia falciforme pode ser difícil e exigir acurácia semiológica associada a exames de imagem de alta definição. Estes pacientes possuem alto risco de desenvolver pneumonia comunitária e a temida Síndrome Torácica Aguda (STA). A STA é uma somatória de sinais e sintomas, dentre eles taquidispneia, sibilância, hipoxemia, dor torácica, febre, tosse, cuja fisiopatologia é expressada pelo aumento da Endotelina-1, e redução do Óxido Nítrico (NO). A hipóxia e os eritrócitos falcizados aumentam a resistência vascular pulmonar. A STA tem como causas: infecção, embolia de medula óssea necrótica, vaso-oclusão pulmonar e sequestro pulmonar. Pode evoluir para Síndrome da Angústia Respiratória do Adulto (SARA). A STA é a segunda causa mais frequente de hospitalização, com morbimortalidade altíssima. Portadores de anemia falciforme apresentam maior risco para desenvolver problemas pulmonares conexas ao vírus influenza. Podendo ser complicações primárias (que ocorre a partir do próprio vírus como a pneumonia) ou secundárias (relacionado a infecções bacterianas associadas, como a pneumonia pneumocócica). Conclusão: Observou-se uma significativa prevalência de prejuízos na função pulmonar em pacientes portadores de doença falciforme, sendo isso um agravante no risco de mortalidade precoce nessa população.
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