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Vol. 43. Núm. S1.
Páginas S425-S426 (Outubro 2021)
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DIAGNÓSTICO TRAÇO FALCÊMICO APÓS QUADRO DE ANEMIA HÁ 32 ANOS: UM RELATO DE CASO
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MVL Stela, MFB Schaefer, A Hawerroth, C Simon, MAF Chaves
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Cascavel, PR, Brasil
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Relato de caso

Paciente mulher, 50 anos, deu entrada no pronto-socorro do Hospital Universitário do Oeste do Paraná pelo SAMU no dia 24 de novembro de 2014. Relatou que anteriormente, 10 dias atrás, apresentou febre e dor ao urinar e que recebeu medicação no Posto de Atendimento Continuado. Após 3 dias, apresentou síncope e persistência do quadro clínico, sendo encaminhada para o pronto-socorro do Hospital Universitário do Oeste do Paraná. A paciente apresentava quadro anêmico desde os 18 anos, fazendo uso de sulfato ferro. Há seis meses apresentava metrorragia com 2 episódios menstruais por mês, com aumento do fluxo, e quadro de sialorréia, hiporexia e astenia há três meses. No dia em que deu entrada no pronto-socorro, foram realizados hemograma, urocultura, teste de Coombs Direto e dosagem de ferritina. O hemograma apresentou alteração com valores diminuídos de hemoglobina (3,3 g/dL), RDW elevado (31,4%) caracterizando uma anisocitose, aumento de leucócitos (50.200/mm³) e plaquetas (518.800/mm³). Houve presença de 38 eritroblastos em 100 leucócitos contados. A ferritina foi dosada com valor de 410,2 ng/mL, mostrando-se elevada, enquanto o teste de Coombs Direto e urocultura apresentaram resultado negativo. No mesmo dia da admissão, a paciente recebeu transfusão sanguínea, e após duas unidades foi coletado no dia seguinte nova amostra de sangue para análise. O hemograma mostrou certa melhora em relação a hemoglobina (8,5 g/dL), RDW (19,9%), plaquetas (467.100/mm³), mas com grande aumento de leucócitos (184.300/mm³) e 190 eritroblasto em 100 leucócitos contados, levantando suspeita de leucemia eritroblástica. No hemograma do 27 de novembro, já constava hemoglobina em 9,1 g/dL, RDW com 32,5%, leucócitos em 13.940/mm³e 222 eritroblasto em 100 leucócitos contados. Os achados hemolíticos do último hemograma foram caracterizados como poiquilocitose de 3+, sendo: drepanócito ++, esquizócito +++ e codócitos+. A partir do dia 01 de dezembro, a hipótese clínica já havia mudado, dessa vez para uma suspeita de anemia megaloblástica secundária a Kwashiorkor, sendo dessa vez encontrado poiquilócitos 1+, com eliptócitos +, codócitos +, drepanócitos + e corpúsculo de Howell-Jolly +, melhorando a hemoglobina para 10,3 g/dL, RDW 23,7%, leucócitos 12.760/mm³e 5 eritroblasto em 100 leucócitos contados. Foi necessário realizar uma eletroforese de hemoglobina para fins investigativos, que mostrou presença de 52,3% de Hemoglobina S, sendo por esse exame portador de traço falcêmico. No entanto, segundo o hematologista, como o exame foi realizado após a transfusão, pode haver mascaramento do resultado, e a possibilidade de ser Anemia Falciforme deve ser considerada. Duas semanas após a primeira Eletroforese de Hb, o segundo exame apresentou 90,8% de HbS, confirmou diagnóstico de anemia por traço falcêmico.

Discussão e conclusão

A transfusão em pacientes com anemia falciforme proporciona a redução da parcela de HbS. O paciente com anemia falciforme (Hb SS) recebe sangue de um doador normal (Hb AA), será visualizado tanto a banda da Hb A quanto a banda da Hb S, gerando uma falsa interpretação da presença de Hb ÀS (traço falciforme). Devido a essa transfusão mal indicada foi solicitado novamente eletroforese de hemoglobina para tentar confirmar a hipótese de Anemia Falciforme, a qual justificaria o quadro apresentado pela paciente.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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