
A Organização Mundial da Saúde define como Cuidados Paliativos “abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares que enfrentam problemas inerentes a doenças que ameaçam a vida, de modo que atua na prevenção e no alívio do sofrimento por meio da investigação precoce, avaliação e tratamento corretos da dor e de outros problemas de ordem física, psicossocial ou espiritual”. Os Cuidados Paliativos são “expressamente reconhecidos no contexto do direito humano à saúde. Devem ser proporcionados por meio de serviços de saúde integrados e centrados na pessoa e nas suas necessidades e preferências individuais”. Detectar qual paciente seria beneficiado por cuidados paliativos é um desafio na prática clínica atual. Uma ferramenta que vem sendo utilizada é a Supportive and Palliative Care Indicators Tool - SPICT-BR - que, ao pontuar critérios de comprometimento, permite a identificação de pacientes em fase de declínio do quadro clínico. O SPICT-BR vem auxiliando tomadas de decisões, estimulando a integração de Cuidados Paliativos nas enfermarias tradicionais.
ObjetivoO objetivo desse estudo foi avaliar a importância da introdução desta ferramenta na detecção de pacientes elegíveis em enfermaria geral de hospital terciário. MÉTODOS: Foi realizada uma pesquisa prospectiva, longitudinal e quantitativa para obter os dados utilizando a ferramenta SPICT-BR na detecção de pacientes elegíveis para cuidados paliativos, internados sob os cuidados das especialidades de Clínica Médica, Oncologia, Nefrologia e Hematologia. Os dados coletados (de agosto a dezembro de 2022) foram armazenados no Google Forms e tabulados nas respectivas áreas.
Resultados e discussãoForam avaliados 100 pacientes, 38% internados na Clínica Médica (76.3% preencheram mais de 5 critérios), 24% na Oncologia (79.2% mais de 5 critérios) 22% na Nefrologia (63,7% mais de 5 critérios) e 16% na Hematologia (43.7% mais de 5 critérios). Apenas 8% dos 100 pacientes avaliados encontravam-se em cuidados paliativos. Dos 16 pacientes internados na Hematologia, 93.7% preencheram critérios gerais de piora de saúde; 43.7% eram portadores de doenças onco-hematológicas; 75% apresentavam critérios diagnósticos de demência e fragilidade e 56,2% apresentavam doença neurológica, respiratória, cardiovascular, renal ou hepática. Assim, dos 16 pacientes avaliados, observamos 56.2% elegíveis para cuidados paliativos. É relevante destacar que estes pacientes já recebiam assistência próxima da definição da OMS para os cuidados paliativos. A evolução registrada nos prontuários já evidenciava planos de cuidados integrais nos pacientes com doença aguda ou naqueles com critérios de possibilidade de cura bem definidos.
ConclusãoCuidados Paliativos em enfermaria terciária têm que ser considerados prática corrente, com abordagens terapêuticas, psicossociais e espirituais, coadjuvantes ao controle e tratamento, independente da especialidade. A utilização de ferramentas de triagem pode impactar na sobrevida e na qualidade de vida, pois permite antecipar a elaboração de planos de cuidados mais integrais.