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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S984-S985 (outubro 2024)
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DESIGUALDADE MEDULAR: UMA REALIDADE CHOCANTE EXPERIENCIADA POR UM ESTUDANTE BRASILEIRO NO QUÊNIA E REVISÃO DE LITERATURA
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Gustavo-Santosa, Peterson-Cardosoa, Carolina-Raposeirasa, Márcia-Torresana, João-Sedab
a Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG), Belo Horizonte, MG, Brasil
b Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
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HEMO 2024

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Objetivo

Descrever e discutir sobre o Transplante de Medula Óssea (TMO) no Quênia e no continente africano, com base na experiência de um estudante de medicina que participou de um intercâmbio no país.

Materiais e métodos

Relato de experiência de um estudante de medicina, complementado por uma revisão de literatura nas bases de dado PubMed e EMBASE, além de notícias locais sobre tratamento de neoplasias hematológicas e TMO no território queniano e nos países adjacentes.

Resultados

O intercâmbio do atual artigo teve duração de um mês e foi intermediado pela Federação Internacional de Estudantes de Medicina (IFMSA). Trata-se de um intercâmbio observacional que ocorreu no Kenyatta National Hospital, o maior hospital do Oeste da África e um importante ponto de assistência para a região do continente. Foi observada a atuação das equipes de dor e cuidados paliativos e hematologia do hospital. Nesse contexto, foi observada a falta do TMO como opção terapêutica e uma grande quantidade de pacientes portadores de neoplasias que se beneficiariam do procedimento; um estudo de 2012 indicou que 57% dos cânceres pediátricos do país eram hematológicos, incluindo linfoma de Hodgkin (8%), linfoma não-Hodgkin (34%) e leucemia linfoblástica (15%). O Quênia vive uma triste realidade sobre o tratamento das neoplasias em geral. Apesar de ser um dos países mais economicamente desenvolvidos do continente, cerca de dois terços dos pacientes morrem nos dois primeiros anos após o diagnóstico de câncer, sendo uma parte desse número devido à falta de disponibilidade de TMO. Foi relatado também um êxodo de pacientes com melhores condições financeiras para países como Egito, África do Sul e Índia para realização do procedimento, o que atesta a desigualdade de acesso à essa tecnologia.

Discussão

O primeiro transplante de medula ocorreu nos Estados Unidos na década de 1950, desde esse momento, o procedimento se espalhou mundialmente e vem salvando vidas desde então. Um número relevante de doenças hematológicas, oncológicas e autoimunes podem ser tratadas ou melhoradas com o TMO. Apesar de toda essa importância, apenas em 2022 o primeiro transplante de medula foi realizado em um hospital particular de Nairóbi, a capital do Quênia. Desde então, este hospital é o único no território a oferecer o procedimento, que tem um custo extremamente inacessível de 20 a 30 mil dólares e conta com apenas seis leitos disponíveis. Como resultado, o transplante de medula óssea permanece uma opção de tratamento inviável para a maioria dos pacientes devido à fatores socioeconômicos.

Conclusão

Mesmo que já realizado um primeiro transplante no país em 2022, e de sua reconhecida importância, a população que necessita de TMO não é assistida efetivamente. Portanto, é necessário que o governo, em conjunto com uma ajuda global, invista em departamentos especializados e no treinamento médico para melhorar o acesso ao TMO para pacientes quenianos e da região Oeste da África.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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