
Avaliar as sobrevidas livre de progressão (progression free survival - PFS) e global (overall survival - OS) médias em idosos com diagnóstico de linfoma não Hodgkin (LNH) agressivo tratados em nossa instituição.
Material e métodosEstudo retrospectivo a partir da análise de dados dos prontuários dos pacientes com 75 anos ou mais com diagnóstico de LNH agressivo, ou seja, subtipo difuso de grandes células B (DGCB), folicular grau 3 ou manto. Obtivemos dados demográficos, informações sobre o diagnóstico e tratamento, data do diagnóstico e desfecho (recaída, óbito ou perda de seguimento). A PFS e OS foram avaliadas pela curva de sobrevida de Kaplan-Meier e regressão de Cox com nível de significância de 5%.
ResultadosO período avaliado foi de setembro de 2009 a maio de 2022 (seguimento de 12,6 anos). A amostra consiste em 50 pacientes com média de idade de 80,2 anos (mínimo 75 e máximo 89 anos). O sexo masculino corresponde a 42%. Os subtipos de LNH verificados foram DGCG = 39 (78%), folicular grau 3 = 6 (12%) e manto = 4 (8%). Os tratamentos realizados foram nenhum = 4 (8%), R-CHOP = 18 (36%), mini-R-CHOP = 13 (26%), R-CVP = 10 (20%) e apenas rituximabe = 5 (10%). A PFS na amostra foi de 71,1 meses (IC 95% 56-86,2) e a OS foi de 82,7 meses (IC 95% 67,1-98,3). Pacientes tratados com R-CHOP, mini-R-CHOP e R-CVP tiveram PFS média de 86,2 meses (IC 95% 66,4-106,1), 56,3 meses (IC 95% 35,8-76,7) e 38,4 meses (IC 95% 25,4-51,4) respectivamente. Nos pacientes tratados com R-CHOP e mini-R-CHOP as medianas não foram atingidas. Curva de Kaplan-Meier com p = 0,034 (log-rank). Na regressão de Cox, os pacientes que não receberam antracíclico apresentam HR (hazard ratio) de 0,43 (IC 95% 0,15-1,2, p = 0,10) para PFS.
DiscussãoA incidência de LNH agressivos aumenta com a idade. O subtipo mais comum é o DGCB, e 40% dos pacientes com este diagnóstico têm mais de 70 anos. Pacientes idosos frequentemente possuem comorbidades, menos reserva hematológica e farmacocinética imprevisível, fatores que aumentam a chance de toxicidade com o tratamento. Todavia, os LNH agressivos possuem sobrevida de menos de 1 ano se não tratados. Estes pacientes possuem menos representação nos estudos clínicos para tratamento de LNH, o que torna difícil a extrapolação dos resultados dos estudos para esta população. Os dados deste trabalho mostram que, em pacientes muito idosos com clínica favorável, é possível realizar quimioterapia. Naqueles em que se julgou necessária a omissão do antracíclico, a PFS foi pior com significância.
ConclusãoEm pacientes muito idosos com 75 anos ou mais com diagnóstico de LNH agressivo e clinicamente favoráveis é possível instituir o tratamento quimioterápico para melhorar a sobrevida e até possibilidade de cura.