
Analisar a descrição epidemiológica das mortes por Mieloma Múltiplo e neoplasias malignas de plasmócitos (CID 10 – C90), entre os anos de 2018 a 2022, no Brasil, com o objetivo de compreender os principais fatores correlacionados a essa mortalidade.
Material e métodosEstudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, cuja fonte de dados foi o Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, disponíveis na plataforma DATASUS. A seleção de dados foi realizada por meio do processo de tabulação com as principais variáveis epidemiológicas disponíveis (faixa etária, sexo e cor/raça), no período de janeiro de 2018 a dezembro de 2022.
ResultadosNo Brasil, houve um total de 17.640 mortes por Mieloma Múltiplo e neoplasias malignas de plasmócitos, no espaço temporal analisado. As mortes por ano apresentaram números próximos, entre 3.407 e 3.679. Além disso, a mortalidade concentrou-se majoritariamente em indivíduos com mais de 40 anos de idade (98,9%). A diferenciação com relação ao sexo apresentou-se pequena, sendo que 52% foram do sexo masculino e 48% do sexo feminino. Considerando indivíduos com 40 anos ou mais, o número de óbitos de mulheres superou o de homens na faixa etária de 80 anos ou mais, sendo que nos decênios anteriores a quantidade de mortes masculinas foi maior. Quanto ao aspecto cor/raça, houve destaque para a cor/raça branca (56,77%), seguida pela parda (31,17%) e preta (8,83%).
DiscussãoDiante da grande repercussão em números de mortalidade dessas neoplasias e as consequências do avanço da doença, o diagnóstico deve ser realizado o mais precoce possível. Isso é necessário porque, atualmente, raramente o diagnóstico é realizado antes dos 40 anos de idade e quanto mais postergado, pior será o prognóstico do paciente. Outro fator relevante é o número superior de mortes de mulheres com 80 anos ou mais, uma vez que é, conforme a literatura, um reflexo da maior expectativa de vida e associação aos cuidados em saúde do sexo feminino em relação ao sexo masculino. Cabe salientar que mulheres enfrentam efeitos das alterações hormonais a partir da menopausa, os quais tornam ainda mais significativos os prejuízos ocasionados pelo Mieloma Múltiplo e neoplasias malignas de plasmócitos em diferentes órgãos, destacando-se estruturas musculares e ósseas. Os resultados do aspecto cor/raça estão de acordo com estudos na população brasileira, em que a maioria das mortes foi de indivíduos brancos.
ConclusãoEm face dessa descrição epidemiológica das mortes por Mieloma Múltiplo e neoplasias malignas de plasmócitos, é possível confirmar a concentração de óbitos a partir da meia-idade, em torno dos 45 anos, em uma população em que a transição demográfica reflete um maior número de indivíduos mais velhos. De modo geral, são necessários avanços nas formas de diagnóstico precoce e no tratamento, visando aumentar a sobrevida e melhorar o prognóstico dessas doenças, principalmente no que tange ao acesso e às necessidades de serviços de saúde por homens e mulheres.