
Descrever o perfil clínico da leucemia mieloide no estado do Pará de 2013 a 2022.
Materiais e métodosTrata-se de um estudo descritivo, retrospectivo com caráter transversal e quantitativo, a partir de dados coletados noDepartamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), no período de 2013 a 2022. Selecionaram-se os casos baseados na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) para leucemia mieloide, abrangendo o sexo, faixa etária, modalidade terapêutica e tempo de tratamento. Houve a tabulação dos dados através de recursos estatísticos encontrados no estado do Pará.
ResultadosDiante da análise da prevalência dos casos de leucemia mieloide na região do estado do Pará, evidencia-se o total de 658 casos diagnosticados com essa doença no período de 2013 a 2022. No que tange ao sexo, foram observados um maior número de diagnósticos nos homens que foi 351, correspondendo a 53% dos casos, enquanto nas mulheres foi menor a prevalência com 307, ou seja, 47% dos casos aproximadamente. Ademais, em relação à faixa etária em adultos, nota-se na faixa de 40 a 44 anos um maior número de casos que são 64, sendo 9% do total, assim, seguidos pela idade de 60 a 64 anos em que teve 57 casos, sendo cerca de 8% do número total. Quanto à modalidade terapêutica, os pacientes tratados com quimioterapia representavam uma quantidade prevalente, uma vez que foram 640 casos, ou seja, 97%, de forma a também 18 casos, 2%, serem radioterapia ou não terem informação do tratamento segundo a plataforma do datasus. Diante disso, o tempo de tratamento em relação ao diagnóstico e início da terapia mostrou uma quantidade prevalente de início do tratamento em até 30 dias, 255 casos ou 38% do total, seguidos por uma quantidade de 247 casos ou 37% com início da terapia em mais de 60 dias.
DiscussãoA leucemia mieloide se destaca dentre os outros subtipos de leucemia devido aos seus altos índices de mortalidade, sendo a mieloide aguda responsável por 34% dos óbitos por leucemias no período de 2008 a 2017, com uma taxa de crescimento de 23% no período (Melo, 2020). Em um perfil clínico epidemiológico traçado no período de 2009 a 2019, a maior prevalência dessa patologia no sexo masculino se manteve em uma proporção de 51,89% dos casos analisados (Salvaro et al., 2021). Por outro lado, a faixa etária mais prevalente no estado do Pará (40 a 44 anos) é mais precoce se comparada com a média brasileira, a qual foi evidenciada em uma descrição epidemiológica de 10 anos que teve a faixa etária de 60 a 64 anos como sendo a mais acometida (Frasseto et al., 2021). A escolha da quimioterapia como abordagem de tratamento está 26,7 pontos acima da média nacional analisada entre 2009 e 2019 (Salvaro et al., 2021).
ConclusãoConstata-se que o estado do Pará possui o perfil clínico-epidemiológico relativamente homogêneo em relação ao restante do país. Além disso, apesar da maior parte dos pacientes iniciarem o tratamento dentro dos 30 dias, uma parcela considerável ainda inicia depois de 60 dias, o que acarreta mais risco. Logo, é relevante a instauração de medidas governamentais para promover redução global do início de tratamento a todos os pacientes, efetivando, assim, mais qualidade de vida.