
A leucemia aguda é um câncer hematológico que atinge as células imaturas da medula óssea, com acúmulo de blastos, evolui com rápida progressão e no Brasil, de modo geral, apresenta baixa sobrevida global em adultos. O cuidado ao paciente com essa doença é algo complexo e que exige intervenções e acompanhamento multidisciplinar. Dessa forma, este estudo objetiva elencar os principais desafios vivenciados por uma equipe de profissionais de saúde no cuidado à pessoa com leucemia aguda, no estado do Rio Grande do Norte.
Material e métodosTrata-se de um relato descritivo, de abordagem qualitativa com a prática dialógica, realizado por profissionais e estudantes da área da saúde de um hospital universitário do RN. A prática dialógica foi realizada durante o cotidiano de trabalho e na coleta de dados para uma pesquisa intitulada “Análise clínica-epidemiológica dos portadores de doenças hematológicas”. Foram acompanhados 47 pacientes, a partir de 06 anos de idade, com diagnóstico de leucemia aguda em instituições de saúde públicas e privadas do Estado, no período de outubro de 2020 a julho de 2022.
ResultadosPôde-se perceber que a maioria dos pacientes, provenientes da rede pública de saúde, não realizou exames para estratificação de risco e prognóstico da doença devido à dificuldade de acesso e despesas para realização, já que se trata de exames de alto custo não cobertos pelo SUS. Os pacientes residentes no interior do Estado relataram maior dificuldade de locomoção até Natal ou Mossoró para dar continuidade ao tratamento, uma vez que, por muitas vezes, dependem de transportes fornecidos pelas prefeituras para realizar esse deslocamento intermunicipal. Outra dificuldade percebida foi no acesso aos medicamentos de alto custo, que precisam de judicialização, o que pode ocasionar interrupções ou atrasos no início do tratamento.
DiscussãoDentre as dificuldades que os pacientes com leucemia aguda enfrentam, os fatores sociais como renda, escolaridade e município de residência podem influenciar no tempo de acesso ao diagnóstico e tratamento. Leucemias agudas apresentam uma rápida progressão e, portanto, as condições socioeconômicas desfavoráveis também são determinantes para um pior prognóstico. Observa-se esse fator principalmente na limitação do paciente na realização de exames e na dificuldade de acesso ao melhor tratamento que dependa da judicialização de medicamentos.
ConclusãoDiante das dificuldades expostas, percebe-se a necessidade de implementação de um modelo de atenção em saúde que vise garantir a integralidade contínua no cuidado ao paciente, a fim de garantir as especificidades que cada paciente necessita. Para isso, é preciso refletir sobre a atuação multidisciplinar dos profissionais e também dos serviços de saúde na construção de uma linha de cuidado específica.