HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA transfusão de granulócitos é indicada nos quadros de neutropenia severa (<500/µL) com infecções não responsivas às terapias convencionais. A coleta de granulócitos é feita através de aférese em equipamentos automatizados de fluxo contínuo ou intermitente. Para viabilizar o procedimento, o doador necessita de acesso venoso adequado, passar por triagem clínica/sorológica e avaliação do hemograma (contagem de leucócitos > 5.000/µL), e realização de prova de compatibilidade. Esta etapa é conhecida como rastreamento. Os exames têm validade de 72h. Após aprovação, o doador passará por estimulação medicamentosa com Corticoide oral e/ou fatores de crescimento subcutâneo (G-CSF) para a coleta. O produto deverá ser coletado e infundido em até 24 horas. Objetivo: Descrever os desafios na efetivação de coleta de granulócitos para paciente em pós transplante imediato de medula óssea.
Descrição do caso
Material e MétodosTrata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo relato de caso. O caso foi acompanhado em um hospital federal oncológico localizado no Rio de Janeiro, em julho de 2025. Resultados e
discussãoForam captados 12 doadores ABO/Rh compatíveis pela família, sendo elegíveis e coletados apenas 3 (25%). Tipos de impedimentos encontrados: 4 (33,5%) acesso venoso inadequado; 1 (8,3%) leucometria baixa; 1 (8,3%) sem condições emocionais; 1 (8,3%) desistência de coleta; 1 (8,3%) menor de idade sem RG; 1 (8,3%) diarreia aguda. Vale ressaltar que a primeira coleta ocorreu 1 semana após o início da captação dos doadores. Após a terceira infusão de granulócitos no paciente, houve melhora clínica e suspensão de novas transfusões. Além das exigências técnicas para o procedimento proposto, encontramos outros desafios que aumentam a complexidade na obtenção deste produto, tais como: 1) Disponibilidade de tempo dos doadores: O procedimento demanda duas vindas do doador ao serviço: a primeira para rastreamento, orientações sobre o procedimento e entrega das medicações, a segunda para a doação, que leva, em média, duas horas; 2) Orientações sobre a mobilização: Deve ser feita de maneira clara e didática pois exige a compreensão sobre a administração por vias oral e subcutânea no horário correto a fim de otimizar a coleta do produto; 3) Comunicação intersetorial e multidisciplinar: é necessário a coesão de vários setores da Hemoterapia (Recepção, Triagem Clínica, Aférese, Imunohematologia e Sorologia) e da instituição (farmácia, clínica solicitante).
ConclusãoA captação de doadores de granulócitos é essencial uma vez que a perda de potenciais doadores é significativa. A Multidisciplinaridade de setores envolvidos aumenta o risco de falha na comunicação. Cabe destacar que há escassez de relatos de caso sobre os desafios na seleção do doador e no sucesso da coleta, tornando esse trabalho uma contribuição importante nesse tema. Acrescido ao fato, o procedimento é pouco frequente e realizado em caráter de urgência o que dificulta a obtenção de doadores e padronização dos fluxos.




