
Evidenciar a importância da assistência de enfermagem em paciente com leucemia promielocitica aguda (LPA).
Material e métodosTrata-se de um relato de caso, com enfoque na assistência de enfermagem.
ResultadosPaciente feminina, 49 anos, encaminhada à Hematologia do HA com metrorragia e equimoses há três meses, sendo diagnosticada em março/2016 com LPA. Realizada indução com ácido all trans retinóico (ATRA) e daunorrubicina, três ciclos de consolidação e dois anos de manutenção, com PML-RARa negativa desde indução. Em maio/2021, apresentou novamente metrorragia com hemograma e PML-RARa confirmando recidiva. Internou para segunda linha de tratamento com ATRA, daunorrubicina e trióxido de arsênio (ATO). Durante a internação necessitou de múltiplas transfusões para correção de coagulopatia e citopenias. Apresentou acidente vascular cerebral isquêmico e infecção do trato urinário. Após resposta com PML-RARa indetectável, foi submetida a consolidação com ATRA + ATO e encaminhada para transplante autólogo de medula óssea. Atualmente em segunda remissão completa em acompanhamento ambulatorial e monitorização bimestral do PML-RARa.
DiscussãoLPA é um subtipo da leucemia mieloide aguda (LMA) conforme classificação da Organização Mundial da Saúde, caracterizada pela translocação t(15,17), que tem como resultado a proteína de fusão PML-RARa. Tal mutação resulta no bloqueio de maturação celular levando ao acúmulo de promielócitos anômalos na medula óssea. Observamos pancitopenia e coagulopatias, levando a quadros de sangramentos e eventos tromboembólicos, acarretando em mortalidade precoce. O ATRA transpõe o bloqueio do receptor do ácido retinóico favorecendo a maturação celular. Concomitantemente o antracíclico e ATO induzem apoptose celular. Durante a internação é importante a monitorização de sinais e sintomas que possam levar ao diagnóstico precoce de eventos hemorrágicos e tromboembólicos, tais como cefaleia, alterações de visão, nível de consciência, sangramentos mucocutâneos e alterações de sinais vitais. A enfermagem apresenta um papel essencial, no que tange aos efeitos adversos das medicações. Exames laboratoriais frequentes são necessários para avaliar necessidade transfusional e toxicidades. Em relação ao ATO, as disfunções cardíacas devem ser monitorizadas com eletrocardiograma, pois pode levar a alterações dos eletrólitos e consequente prolongamento do intervalo QT, causando taquiarritmias, vertigens, síncopes e mal súbito. Em relação ao ATRA, devemos nos atentar para a possibilidade de síndrome de diferenciação, observando dispneia, ganho de peso, cefaleia, alterações cutâneas, entre outros. Em relação ao antracíclilco devemos lembrar do efeito cardiotóxico e cuidados infusionais, por ser vesicante. Vigilância infecciosa é imprescindível, pois comumente os pacientes com diagnostico de LMA apresentam quadros agudos de infecção e podem evoluir para sepse se não manejados de forma adequada.
ConclusãoO paciente com LPA necessita de cuidado multiprofissional sendo a enfermagem um importante ator deste processo, identificando e comunicando precocemente sinais e sintomas sugestivos de complicações durante o diagnóstico e tratamento, aumentando assim as chances de sucesso.