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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S1081 (outubro 2024)
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COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS E FETAIS PARA MÃES PORTADORAS DA DOENÇA FALCIFORME: UMA REVISÃO LITERÁRIA
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LM Brocardo, GA Patente, JS Asato, LD Payaro, M Brito, AP Graça
Centro Universitário São Camilo (CUSC), São Paulo, SP, Brasil
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Objetivos

A gestação é um período marcado por diversas alterações fisiológicas e quando ocorre em mulheres falcêmicas é necessário um pré-natal rigoroso para minimizar os riscos de perda materno fetal. A doença falciforme (DF), uma hemoglobinopatia de causa hereditária, cursa com mudança estrutural da hemácia e consequentes fenômenos vasculares obstrutivos, anemia sintomática, crises álgicas, além de disfunções orgânicas. Gestantes portadoras apresentam alta probabilidades de abortos espontâneos, restrição de crescimento fetal, parto prematuro, óbito fetal e materno, entre outros. Nosso trabalho visa principalmente explorar as possíveis complicações descritas na literatura tanto para a mãe quanto para o feto.

Material e métodos

Trata-se de uma revisão literária, que utilizou as bases de dados PubMed e Biblioteca Virtual de Saúde e os descritores “pregancy”/ “ gravidez”/ “gestação” e “sickle cell disease”/ “anemia, sickle cell” / “anemia falciforme, com os marcadores booleanos “AND” e “OR”. Os filtros aplicados foram texto completo, estudo observacional, ensaio clínico, texto em Inglês e em português e publicado nos últimos 5 anos. Dessa forma, foram encontrados 123 estudos nas plataformas e, inicialmente, foram excluídos 88 textos por fuga ao tema e 9 por duplicidade. Em última análise, definiu-se que seriam descartados revisões e meta-análises, levando à exclusão de mais 4 estudos. Dessa maneira, restaram 22 textos.

Resultados

A junção da DF com a condição hipercoaguladora e vasoconstritora da gestação proporcionam circunstâncias desafiadoras para o binômio mãe e feto. Nos estudos selecionados foi possível encontrar que a prematuridade, o baixo peso ao nascimento, a necessidade de cuidado neonatal na UTI, a natimortalidade foram mais comuns nas pacientes com DF quando comparadas a aquelas que não possuem esta enfermidade. Ademais, complicações obstétricas comuns em portadoras da DF relatadas na literatura foram: pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, crise vaso-oclusiva, infecção urinária e síndrome torácica aguda. Foi observado também que grávidas portadoras da DF receberam um maior número de transfusões sanguíneas.

Discussão

A gestação já se trata de uma condição vasoconstritora e para pacientes falcêmicas torna-se uma situação de alto risco. Os estudos mostraram que a doença falciforme possui uma razão menor entre prostaciclina-tromboxano, o que leva a um risco elevado de desenvolver vasoconstrição e hipertensão gestacional, associado a uma maior viscosidade sanguínea e consequente hipóxia fetal devido a baixa perfusão placentária, causando restrição de crescimento intra-uterino e baixo peso ao nascer, além de aumentar o risco de natimortos e partos prematuros.

Conclusão

Os estudos indicam que prematuridade, baixo peso ao nascimento, necessidade de cuidados na UTI neonatal e natimortalidade são mais frequentes em gestantes com DF. Concluímos que a presença da DF com as condições de hipercoagulação e vasoconstrição da gestação cria um ambiente desfavorável para a mãe e o feto. Portanto, é fundamental um acompanhamento rigoroso e multidisciplinar das gestantes com DF, a fim de minimizar os riscos maternos e fetais e melhorar os desfechos perinatais. A identificação precoce e o manejo adequado dessas complicações podem contribuir para a redução da morbidade e mortalidade associadas a essa condição.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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