HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Doença Falciforme (DF) é uma hemoglobinopatia hereditária que, na gestação, pode agravar-se devido às mudanças fisiológicas, aumentando o risco de crises vaso-oclusivas, tromboses e insuficiência placentária. Essas complicações elevam a incidência de desfechos obstétricos adversos, como parto prematuro e pré-eclâmpsia.
ObjetivosO presente estudo tem como objetivo compreender as complicações decorrentes da DF na gestação.
Material e métodosO estudo é uma revisão sistemática, utilizando o Pubmed, SCIELO e Periódicos como base de pesquisa. Os descritores utilizados foram “Pregnancy Complications and Sickle cell disease” e “Pregnancy and Sickle cell disease” e selecionados artigos apenas de 2021 a 2025. Foram encontrados 378 artigos relacionados ao estudo. Por meio de critérios de inclusão, foram separados 28 artigos para leitura aprofundada. Os textos excluídos não apresentavam complicações na gestação ou não relacionavam as complicações com DF.
Discussão e conclusãoDos 28 artigos selecionados, 15 artigos foram escolhidos por meio de critérios de qualificação. Desses, 1 é estudo de coorte; 1 é estudo de caso controle, os quais apontaram que a insuficiência placentária contribui para o comprometimento do desenvolvimento fetal e maior risco de óbito materno. Ademais, os artigos, nos quais 6 são estudos de coorte retrospectivos e transversais; 6 são estudos retrospectivos e prospectivos, demonstraram que gestantes com DF apresentaram maior incidência de pré-eclâmpsia e anemia severa. Além disso, observou-se de forma recorrente relatos de crises vaso-oclusivas durante a gestação e eventos tromboembólicos, como o Acidente Vascular Cerebral. Entre os estudos, houve 1 relato de caso em que a paciente apresentou quadro grave de Dor Torácica Aguda, que evoluiu para a Síndrome da Dor Torácica, sendo tratada com heparina de baixo peso molecular. Os dados obtidos reforçam a relação da DF com as complicações gestacionais. A DF constitui-se como risco na gestação por sua associação às complicações maternas e fetais, como crises vaso-oclusivas, pré-eclâmpsia, síndrome torácica aguda e tromboembolismo para a mãe, prematuridade e óbito fetal. Em decorrência das alterações hemostáticas, bem como o ambiente inflamatório típico da DF, propicia-se um quadro maior de inflamação e estresse oxidativo intrauterino, nocivos ao desenvolvimento fetal, resultando em restrição do crescimento fetal e desfechos adversos maternos. Além disso, o estado de hipercoagulabilidade, característico da DF, é aumentado durante a gestação, promovendo maior consumo de fatores de coagulação, podendo levar à complicações trombogênicas, como o AVC, tromboembolismo pulmonar e infarto agudo do miocárdio. Os estudos demonstram que tanto mulheres com genótipo HbSS, quanto as com os genótipos de menor severidade, como HbSC, enfrentam riscos consideráveis. A presença do traço falciforme HbAS, também foi associada a complicações, sugerindo que quaisquer alterações hematológicas são suficientes para impactar negativamente a gestação. A congruência dos achados em cenários diversos reafirmam a necessidade de uma abordagem multiprofissional com o intuito de fornecer um cuidado integral, de modo a prevenir complicações graves. A gestação em pacientes portadoras de DF está relacionada a maiores índices de complicações maternas, havendo a necessidade de um acompanhamento pré-natal de alto risco, que visa intervenções precoces diante dos possíveis cenários.




