
Comparar a sensibilidade das técnicas utilizadas para avaliação de acometimento da medula óssea em linfomas B agressivos no estadiamento ao diagnóstico; considerando como padrão-ouro a biópsia de medula óssea (BMO) e comparando com os resultados da citometria de fluxo (CF) realizada com painel de triagem de 8 cores, com a porcentagem de linfócitos na medula óssea e com o PET-CT.
Material e métodosTrata-se de estudo prospectivo com pacientes com linfomas B agressivos virgens de tratamento e sem outra neoplasia prévia ou concomitante em acompanhamento no Hemocentro da UNICAMP entre janeiro de 2021 e junho de 2022. Foram coletados dados referentes ao estadiamento ao diagnóstico, sendo estratificados conforme Índice Internacional de Prognóstico Revisado (R-IPI). Além disso, os pacientes foram submetidos a estudo medular, incluindo citologia, citometria de fluxo e biópsia de medula óssea, e a PET-CT.
Resultados32 pacientes, 13 mulheres e 19 homens, com diagnóstico recente de linfoma B agressivo foram analisados, sendo 28 com Linfoma Difuso de Grandes Células B e 4 com Linfoma de Células do Manto. A mediana de idade foi de 60 anos (22 – 83 anos). Quanto à estratificação conforme o R-IPI, foram 3 pacientes com muito bom prognóstico, 15 com bom prognóstico e 14 com prognóstico ruim. Comparando o resultado da BMO e da CF, 21 casos foram negativos e 6 positivos para ambos os métodos para acometimento medular por linfoma. A biópsia conseguiu detectar a infiltração por imunohistoquímica na maioria dos casos. Houve discordância em 5 casos, sendo 2 com CF positiva e BMO negativa e 3 com BMO positiva e CF negativa. Em comparação ao PET-CT, apenas um paciente com BMO positiva teve resultado concordante com o exame de imagem e com a CF; e outro paciente apresentou evidência de acometimento medular pelo PET-CT e pela CF, mas com BMO negativa. Em relação ao mielograma, não houve correlação entre a porcentagem de linfócitos encontrados na citologia e a porcentagem de células clonais evidenciadas na CF (r = 0,41; p = 0,2).
DiscussãoDiferentemente do que ocorre com o Linfoma de Hodgkin, o PET-CT não teve sensibilidade em detectar acometimento medular nos linfomas B agressivos, sendo indispensável a punção medular. Os resultados do presente estudo, embora com uma amostra pequena, sugerem que a BMO, principalmente com a imunohistoquímica, e a CF podem ser utilizadas de modo complementar para a avaliação do comprometimento da medula óssea por linfomas B agressivos; tornando-se um melhor indicador prognóstico quando comparados a cada exame isoladamente e às demais técnicas de avaliação de comprometimento medular, como citologia e PET-CT.
ConclusãoEsse estudo, portanto, demonstra a relevância de se utilizar técnicas acuradas para avaliação da infiltração medular por linfoma B agressivo; evidenciando a necessidade da análise da biópsia de medula óssea com imunohistoquímica e da citometria de fluxo para adequada avaliação de acometimento da medula óssea por linfoma; não sendo possível, assim, substituir o estudo medular pelo PET-CT. A CF pode inclusive ser utilizada para acompanhar o resultado do tratamento.