HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA coleta de célula progenitora hematopoiética de sangue periférico autóloga é uma etapa essencial no transplante de medula óssea, considerada uma etapa de baixo risco em adultos, porém de complexidade elevada em pacientes pediátricos e de baixo peso, necessitando de maior atenção principalmente ao volume extracorpóreo, velocidade de infusão de hemácias, que é ligeiramente elevada pelo equipamento de aférese e a toxicidade ao citrato de sódio.
ObjetivosCompartilhar a experiência das coletas de CPH-SP em pacientes pediátricos submetidos a transplante de medula óssea autólogo.
Material e métodosAnálise descritiva retrospectiva, dos dados das coletas de CPH-SP pediátricas na instituição, utilizando o equipamento Spectra Óptia no período de 01/2022 até 06/2025. Os dados analisados foram: diagnóstico clínico, peso corporal, necessidade de prime do equipamento, VST processada, CD34+ periférico, produto final coletado, uso de Plerixafor (Mozobil®), eficiência da aférese e intercorrências.
ResultadosNo total foram analisadas 24 coletas em 20 pacientes, sendo 18 coletas em 15 pacientes com diagnóstico de Neuroblastoma, 2 coletas em 2 pacientes com diagnóstico de Tumor Teratóide Rabdóide, 1 coleta em 1 paciente com Meduloepitelioma em Nervo Óptico, 1 coleta em 1 paciente com Linfoma de Burkitt e 2 coletas em 1 paciente com Linfoma Hodgkin. O uso de prime no equipamento com concentrado de hemácias foi utilizado em 90,9% dos procedimentos (7,1 e 29Kg), não foi necessário apenas nas coletas realizadas no paciente com linfoma de Hodgkin (63kg), O Plerixafor foi necessário na mobilização de 55% dos pacientes. A eficiência média foi de 52,3% (mínima 22,6%), com volume processado estabelecido em 3 volemias. A dosagem do CD34+ periférico sem mobilização com Plerixafor variou entre 7,1 até 137,2 × 10³/ml, com uso do Plerixafor variou entre 4,0 e 753,0 × 10³/ml.
Discussão e conclusãoA predominância do neuroblastoma reflete o perfil oncológico da instituição e reforça o desafio técnico para aférese e mobilização em pediatria. Os pacientes com esta patologia representaram 75 % das coletas analisadas e não foi possível atingir o alvo celular para transplante em dois pacientes, mesmo com uso de Plerixafor. A utilização de prime com hemácias é essencial para a tolerância ao procedimento, em pacientes cuja circulação extracorpórea do sistema descartável ultrapassa 15%. O uso do hemocomponente filtrado e irradiado, assim como a reposição profilática de eletrólitos durante a aférese se tornam essenciais para minimizar os riscos, e contribuíram para que nenhum paciente apresentasse evento adverso significativo. Dificuldade técnica foi evidenciada em pacientes com peso inferior a 15kg, devido velocidade do fluxo de entrada ser relativamente lenta, mesmo seguindo com a taxa de citrato em 1,2. Em dois pacientes tivemos presença de coágulos no cateter, causando sua obstrução por diversas vezes, em um deles o coágulo entrou na linha do equipamento, resultando na obstrução total e encerramento. O procedimento é desafiador e exige abordagem personalizada, a correta programação do hematócrito do paciente e do concentrado de hemácias utilizado no prime do equipamento favorecem significativamente para o estabelecimento rápido da interface e sua eficiência, que pode ser impactado negativamente pela presença de hemólise no hemocomponente. O aumento da taxa de citrato deve ser avaliada, buscando trabalhar com velocidades maiores na aférese, minimizando a probabilidade de formação de coágulos no cateter e melhor funcionamento do equipamento.




