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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S41-S42 (outubro 2024)
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COGNIÇÃO EM ADULTOS COM DOENÇA FALCIFORME E ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
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MJFR Reis, SR Pires, MS Figueiredo
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

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Objetivo

Avaliar processos cognitivos em adultos com Doença Falciforme (DF) e possível relação com o número de episódios de Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Métodos

Avaliados 19 pacientes com DF: 17 com anemia falciforme, 1 com doença SC e 1 com S-βTalassemia. Todos em acompanhamento ambulatorial regular, sendo a amostra por conveniência. Pacientes foram divididos em 2 grupos: G1– 1 AVC pregresso (n = 10) e G2– 2 ou mais episódios de AVC (n = 9). O número de eventos de AVC foi obtido em pesquisa no prontuário eletrônico. Foi aplicado questionário de avaliação da cognição com 4 questões: Q1- dizer qual o horário apresentado em relógio digital (linguagem/leitura), Q2- identificar o nome de 3 imagens de animais (linguagem/nomeação), Q3- copiar o desenho de um cubo (habilidade visuoespacial) e Q4- elencar o máximo de alimentos em um minuto (velocidade do processamento). Neste último item, a quantidade de alimentos referidos foi padronizada em 2 categorias: ≤ 13 e > 13 alimentos. Utilizou-se o teste exato de Fisher.

Resultados

Média de idade: G1 = 25,5 (DP = 7,2) e G2 = 29,9 (DP = 8,3), p = 0,89. Distribuição segundo sexo (M:F): G1 = 6:4 e G2 = 5:4, respectivamente, p = 1,0. Apesar do G2 apresentar pior performance em comparação ao G1 nas 4 questões aplicadas, não houve diferença estatística nas Q1 e Q3 (p: 0,34 e 0,14, respectivamente), sendo observada diferença estatística nas Q2 e Q4 (p: 0,03 e 0,02, respectivamente).

Discussão

Esta avaliação faz parte de um estudo piloto e foram escolhidas habilidades de fácil identificação por parte dos pacientes e de fácil análise por parte dos observadores para rastrear pacientes com algum grau de declínio cognitivo. A opção por pacientes com AVC prévio foi justamente pela maior possibilidade de ocorrência de alteração cognitiva nesse grupo. Era esperado uma pior performance no G2 (indivíduos mais comprometidos), entretanto, 2 resultados chamaram nossa atenção: a má performance dos 2 grupos na Q1 (onde tivemos que excluir o relógio analógico pela falta de reconhecimento do horário) e na Q3 (desenho do cubo). Entretanto, tais resultados poderiam estar relacionados a déficit educacional. O declínio cognitivo é prevalente em crianças com DF e parece piorar com a idade, embora existam pouco estudos em adultos. Avaliação cognitiva, através de testes de rastreio, pode ser útil em diferentes processos no tratamento de portadores de DF, tais como, a) identificar a necessidade ou não de neuroreabilitação; b) fornecer, possivelmente, indícios de AVCs silenciosos pregressos, embora estudo prévio não tenha encontrado relação; c) elaborar programas específicos visando evitar o abandono do tratamento. Limitações: pequeno número amostral, poucas perguntas e que não avaliam totalmente a cognição, não avaliação de condições sócio-econômicas/educacionais e não avaliação dos exames hematológicos já que anemia piora a cognição destes pacientes.

Conclusão

O declínio cognitivo pode comprometer o tratamento e as funções habituais de portadores de DF. A avaliação cognitiva parece ser útil em várias etapas do tratamento destes indivíduos, assim sendo, a construção de um questionário específico em língua portuguesa é desejável.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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