
Investigar o potencial citotóxico da paepalantina (isolada da Paepalanthus bromelioides) em células K562 (linhagem celular contínua de leucemia mieloide crônica) e em linfócitos saudáveis (PBMCs).
Materiais e métodosA investigação direta da citotoxicidade foi realizada por meio da análise da concentração inibitória a 50% (IC50) e a avaliação de necrose e apoptose. Células K562 foram mantidas em estufa de CO2 a 5% e 37°C. Os linfócitos foram obtidos por punção venosa de indivíduos saudáveis, e isolados por gradiente de densidade. A paepalantina foi solubilizada em DMSO, e o tratamento foi realizado em triplicata, em uma placa de 96 poços, por 24 horas. Para a determinação do IC50, as células foram tratadas em diferentes concentrações: a 10, 25, 50, 75 e 100% do IC50, marcadas com 7-AAD (marcador de necrose) e com Anexina-V (apoptose), e analisadas em citometria de fluxo. Para a análise da citotoxicidade indireta, as células foram divididas em grupos: K562 + paepalantina (grupo 1), K562 + PBMCs (grupo 2), K562 + PBMCs + paepalantina (grupo 3) e K562 + PBMCs + DMSO (grupo 4, controle veículo da citotoxicidade). As células foram tratadas na concentração que corresponde à metade do IC50, e marcadas para a análise em citometria de fluxo. A diferença de citotoxicidade foi calculada por ANOVA, consideradas significativas quando p < 0,05 (análises de múltiplas comparações: significativas quando p < 0,01).
ResultadosO valor do IC50 da paepalantina para as células K562 foi 10,62 μg/mL, enquanto que para os PBMCs foi 16,47 μg/mL. Ao comparar o efeito da droga nas células em diferentes concentrações, observamos uma quantidade maior de morte por necrose celular (pela marcação do 7-AAD) em células K562 quando comparadas com os PBMCs, nas concentrações 2,5, 5,0 e 7,5 μg/mL (p < 0,05). A análise da apoptose evidenciou que houve diferença significativa entre as células K562 e PBMCs nas concentrações 5,0, 7,5 e 10 μg/mL. Até o presente momento, contamos com resultados preliminares sobre a citotoxicidade indireta da paepalantina nestas células. Nesta análise, as médias de morte celular de K562 nos grupos foram: 34% (para o grupo 1), 39% (grupo 2), 45% (grupo 3) e 36% (grupo 4), e de linfócitos saudáveis: 0% (grupo 2), 4% (grupo 3) e 0% (grupo 4). Houve diferença significativa entre os grupos 1 e 3.
DiscussãoO IC50 da paepalantina para as células K562 foi menor do que aquele obtido para os linfócitos saudáveis, o que nos leva a crer que as células neoplásicas são mais sensíveis à droga do que os linfócitos saudáveis. A análise de apoptose nos levou a crer que o efeito indutor de apoptose da paepalantina é dose-dependente, e que as células K562 se mostram mais sensíveis também na apoptose. Diante dos nossos achados, constatamos que a droga exerce um efeito distinto quanto à morte por necrose e por apoptose. Quanto à análise de citotoxicidade indireta, destaca-se que a quantificação de morte celular de K562 foi maior no grupo que continha os linfócitos saudáveis em cocultura tratada com a paepalantina quando comparado ao grupo que continha apenas K562 tratada. Tal ponto nos leva a crer que a paepalantina, além de exercer citotoxicidade direta sobre as células neoplásicas, também esteja relacionada com um possível aumento da atividade citotóxica de linfócitos contra as células neoplásicas. Contudo, é possível notar, pelas médias de morte celular de linfócitos, que a paepalantina gera 4% de morte celular nestas células.
ConclusãoA paepalantina exerce um efeito citotóxico direto e indireto em células neoplásicas de origem hematológica K562, e essas células são mais sensíveis ao tratamento do que os linfócitos saudáveis.