
Avaliar o papel do gene CD274 (PD-L1) no desenvolvimento da COVID-19. M
ateriais e métodosEste projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (CAAE nº 31328220.8.0000.8667). Trata-se de um estudo retrospectivo, observacional, onde foram analisadas 28 amostras coletadas entre o período de maio de 2020 a junho de 2021, de pacientes diagnosticados com COVID-19 e atendidos em hospitais do município de Uberaba (MG). A quantificação relativa do gene CD274 foi realizada por PCR em tempo real, utilizando o equipamento 7500 (Applied Biosystems™). O gene de referência ACTB foi utilizado como controle endógeno. Os dados quantitativos foram submetidos ao teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov e as comparações estatísticas entre dois grupos realizadas com emprego do teste Mann-Whitney. A significância estatística foi definida como p < 0,05.
ResultadosForam analisadas 28 amostras, com média de idade de 63 anos (DP ± 17), sendo a maioria do sexo feminino (n = 17; 60,7%) e com comorbidades (n = 16; 57,2%). As amostras foram analisadas em relação ao desfecho (alta x óbito), comorbidade (presença x ausência) e gravidade (leve × grave). Não foram observadas diferenças significativas em nenhuma das análises realizadas (desfecho p = 0,160; comorbidade p = 0,371; gravidade p = 0,098).
DiscussãoO ligante de morte programada 1 (PD-L1) está envolvido na regulação da resposta imune, com um papel na exaustão das células T e estudos têm demonstrado um importante papel desta molécula na progressão COVID-19. Estudo realizado no Brasil por Beserra et al. observou níveis maiores desta molécula no soro de pacientes graves e críticos, indicando que PD-L1 pode estar diretamente relacionado a um pior prognóstico em indivíduos com COVID-19, resultado diferente do encontrado no presente estudo, onde não houve diferença na expressão de PD-L1 em relação a gravidade e desfecho. Já Huang et al. avaliaram pacientes com melanoma que tiveram COVID-19 e demonstraram que o bloqueio do ponto de verificação PD-1/PD-L1 beneficia esses indivíduos, restaurando o estado imunocompetente adequado, apresentando sintomas mais leves. Apesar do presente trabalho não ter observado diferença na expressão de PD-L1 em pacientes com COVID-19 com comorbidades, vale destacar que hipertensão, diabetes, doença cardiovascular entre outras, contribuem significativamente para a gravidade da COVID-19 de acordo com os estudos feitos por Fang et al em 2020. Essas informações, assim como as pesquisas envolvendo a análise do gene CD274, podem contribuir para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas direcionadas e melhorar o tratamento dos pacientes com COVID-19.
ConclusãoOs resultados demonstram que não há relação entre a expressão do CD274 (PD-L1) e os diferentes fenótipos clínicos analisados com o desenvolvimento da COVID-19.