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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 2959
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AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA DO TRATAMENTO DE PRIMEIRA LINHA DO MIELOMA MÚLTIPLO EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA PÚBLICO AO LONGO DE 8 ANOS (2017-2024)
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198
CM Arcanjoa, MF Maciela, KBB Pagnanob, SS Medinab, GB Oliveirab, CA Souzab, ST Olalla Saadb, F Galvaob, FV Pericoleb
a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Campinas, SP, Brasil
b Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemocentro), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

O Mieloma Múltiplo (MM) é uma neoplasia causada pela proliferação clonal de plasmócitos na medula óssea e pela hipersecreção de imunoglobulinas monoclonais, causando lesões de órgãos alvo. A terapia de indução seguida por quimioterapia de alta dose com transplante autólogo de células tronco (TACT) é o tratamento recomendado em pacientes mais jovens e robustos, no entanto, para maioria dos pacientes, que são idosos e clinicamente frágeis, esquemas combinados de quimioterapia são utilizados como tratamento de primeira linha. Em 2020, o Ministério da Saúde incorporou o inibidor de proteassoma bortezomibe ao arsenal de tratamento do mieloma no SUS.

Objetivos

Avaliar a evolução clínica de MM, entre os anos de 2017 e 2024, considerando tanto os que realizaram TACT quanto os que seguiram com o tratamento quimioterápico apenas, incluindo um recorte mais recente em que havia acesso universal ao bortezomibe.

Material e métodos

Estudo observacional, longitudinal, unicêntrico, de coorte retrospectivo de MM tratados em um centro de referência, 100% SUS. Foram selecionados casos com diagnóstico entre 2017 e 2024, com revisão de prontuários médicos, exames laboratoriais e de imagens.

Resultados

104 pacientes incluidos, idade mediana 64 anos (34-88), maioria brancos (69%) e do sexo masculino (53%). Dor ao diagnóstico foi o sintoma mais comum (78% dos casos), mediana do ECOG foi 2 (1-4), sendo 43% pacientes frágeis (ECOG 3-4). Havia 28 pacientes ISS I (27%), 24 pacientes ISS II (23%) e 52 pacientes ISS III (50%). As quimioterapias de indução mais utilizadas foram CTd (32%, predominante até 2020) e VTd (56%, principalmente após 2021) e 45% dos pacientes realizaram TACT. Esquemas de indução sem bortezomibe tiveram taxas de resposta global (TRG) 76% (52% de VGPR ou melhor), ao passo que com bortezomibe houve TRG 90% (VGPR ou melhor: 70%, P < 0.01). Com tempo médio de acompanhamento de 68 meses, a sobrevida livre de progressão (PFS) mediana foi de 36,4m e a mediana de sobrevida global (OS) estimada 68,7m. Pacientes que não realizaram TACH tiveram PFS 24m e OS 36m, ao passo que os que transplantaram tiveram desfechos muito melhores (PFS: 51 meses e OS não atingido, P < 0.001). Em análise multivariada de sobrevida global, os fatores que afetam de modo independente os desfechos são: TACT (HR = 0.13, P < 0.001), sexo masculino (HR = 1.75, P = 0.01), ECOG 3 ou 4 (HR = 1.6, P = 0.03) e ISS III vs I ou II (HR = 1.75, P = 0.02).

Discussão e conclusão

Análises preliminares comprovam que os desfechos de tratamento do mieloma no SUS continuam ruins, mesmo com incorporação de triplets baseados em talidomida e bortezomibe, com mediana de sobrevida global de pouco mais de 5 anos. VTd gera resposta mais profunda quando comparado com esquemas baseados apenas em talidomida. Em análise multivariada o transplante autólogo é o principal fator protetor, capaz de gerar redução de risco de morte em 87%. O diagnóstico tardio da doença no SUS com predomínio de doença avançada (ISS III) e pacientes clinicamente frágeis torna o tratamento desafiador e subótimo. Neste contexto, há necessidade urgente de incorporação de novas tecnologias mais eficazes e menos tóxicas (como lenalidomida e anticorpos anti- CD38), mas especialmente ampliar o acesso ao transplante autólogo como medida custo-efetiva para ganho de sobrevida.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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