Introdução e objetivo: As úlceras de pernas são relativamente comuns em pacientes com anemia falciforme (AF) e podem ser dolorosas, incapacitantes, persistentes e difíceis de tratar. A microbiota em úlceras de perna nesses pacientes ainda não está bem compreendida. O objetivo deste estudo foi descrever a microbiota da úlcera de perna em pacientes com AF. Materiais e métodos: Este foi um estudo transversal feito em participantes com AF acompanhados no Hemocentro de Belo Horizonte (HBH) da Fundação Hemominas. De junho de 2017 a abril de 2019, os pacientes (Hb SS) foram recrutados e incluídos em quatro grupos: caso 1–amostra da úlcera de perna ativa; caso 2–amostra da pele íntegra adjacente dos pacientes com úlcera de perna; controle 1–amostra da pele íntegra dos pacientes sem histórico de úlcera de perna. O quarto grupo formado por voluntários saudáveis. Os controles com AF e saudáveis foram pareados por sexo e idade aos casos. Os pacientes elegíveis foram entrevistados para levantamento de dados clínico-demográficos e amostras da úlcera e da pele íntegra foram coletadas com swab. O histórico clínico e laboratorial dos participantes foi revisto por meio de consulta aos prontuários médicos arquivados na Fundação Hemominas. O material genético das amostras foi extraído utilizando o FastDNA™ Spin Kit (MP Biomedicals, LLC, Irvine, CA, USA) e o DNA foi amplificado utilizando primers do domínio V4 do 16S RNA bacteriano. A quantificação de DNA foi determinada no fluorímetro Qubit®2.0 (Invitrogen™) e as amostras seguiram para a finalização da etapa de montagem da biblioteca utilizando o Ion Chef System. O sequenciamento foi realizado na plataforma Ion Torrent. A análise das sequências foi realizada no software QIIME 2. As métricas de diversidade alfa (número de Unidades Taxonômicas Operacionais - OTUs, uniformidade de Pielou, Shannon, Simpson, Chao1 e diversidade filogenética de Faith) e as métricas de diversidade beta (Jaccard, Bray-Curtis, UniFrac não ponderada e UniFrac ponderada) foram estimadas. As análises estatísticas para a diversidade alfa utilizaram o teste de Kruskal-Wallis (pairwise) e para a diversidade beta utilizaram o teste PERMANOVA. Uma diferença significativa foi definida como p<0,05. Resultados: O perfil do microbioma analisado por diversidade alfa e beta da úlcera de perna é significativamente diferente da pele íntegra, tanto para a pele adjacente dos pacientes com úlcera, como dos pacientes com AF sem histórico de úlcera de perna e dos voluntários saudáveis. Na diversidade beta, a pele íntegra do paciente com úlcera não apresentou diferença estatística quando comparada com a de pacientes sem história de úlcera. Os filos de maior abundância foram Proteobacteria, Firmicutes e Actinobacteria. Discussão: O corpo humano abriga um ecossistema bacteriano que desempenha um papel importante para o equilíbrio da saúde humana. Nas úlceras de perna em AF não está claro o papel do perfil microbiano, pois são raros os estudos conduzidos para a compreensão da microbiota de pele nesse pacientes. Conclusão: Os dados do nosso estudo mostraram diferenças significativas entre o microbioma presente na úlcera de perna e pele íntegra, sugerindo que a microbiota pode contribuir para a persistência da ferida, podendo ser alvo de modalidades de tratamentos.
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