
Aférese terapêutica é utilizada como terapia e coleta de células tronco/progenitoras, além das plaquetas. As indicações e condutas estão indicadas no Guia de da Associação Americana de Aféreses (ASFA 2019), dentre elas estão doenças neurológicas em diversos níveis de grau de indicação (I – aférese como primeira linha: a polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória aguda e crônica, além da miastenia gravis, II - aférese como segunda linha: encefalomielite disseminada aguda, esclerose multipla e desordens do espectro da neuromielite ótica na fase aguda, III – indicação ótima não estabelecida: desordens do espectro da neuromielite ótica fase crônica, encefalite crônica focal, síndrome complexa de dor regional dentre outras, IV – aférese não efetiva).
MétodoEstudo retrospectivo de dados de prontuário dos pacientes com manifestação neurológica que realizaram plasmaférese terapêutica no período de 01 de janeiro a 30 de junho de 2022, com análise do padrão de distribuição das variáveis clínico-epidemiológicas dentro do intervalo de confiança de 95% e possíveis medidas de associação entre estas variáveis e desfechos clínicos.
ResultadosDurante o período foram registrados 102 procedimentos de aférese sendo que 70 (68,6% IC 95%: 58,7 – 74,5) eram neurológicos, destes foram identificados 63 casos. A média de sessões por ciclo de aférese foi 4,5. A idade média dos pacientes foi de 46 anos, sendo 28 (40% - IC 95% 28,5 – 52,4) do sexo feminino e 42 (60% - IC 95% 47,6 – 71,5) do sexo masculino. Destes pacientes 11,43% já tinha feito aférese antes da internação. De acordo com o grau de indicação proposta pela ASFA, 39 pacientes (55,7% IC 95: 43,3 – 67,6) era grau I, 28 (40% IC 95%: 28,5 – 52,4) era grau II e 3 (4,3% IC 95%: 0,9 – 12,0) era grau III. Das doenças mais frequentemente indicadas foram Guillain-Barré 28 (40% IC 95%: 28,7 – 52,4) e Neuromielite Otica 25 (35,7% IC95%: 24,6 – 48,0). O óbito ocorreu em 9 pacientes (12,8% IC 95%: 6,0 – 23,0). Todas as variáveis como sexo, faixa etária, ter realizado ou não aférese terapêutica previamente, grau de indicação da ASFA, ou tipo de doença não apresentou diferença estatística.
DiscussãoA aférese terapêutica tem sido utilizada como opção terapêutica para doenças neurológicas, a maioria após a falha de tratamento com pulsoterapia. A exceção fica para polirradiculoneurite desmielinizante inflamatória aguda (Guillain-Barré) onde este procedimento é indicado como primeira linha, utilizando como liquido de reposição a albumina humana diluída em soro fisiológico. A eficácia da plasmaférese terapêutica é diversa na literatura, de acordo com cada tipo de doença. No caso de neuromilite ótica encontramos uma eficácia de 83,3%. Em Guillain-Barré a mortalidade da literatura aponta cerca de 5,5%.
ConclusãoHá necessidade de um estudo prospectivo de longa duração, com protocolo bem definido para que se possa reunir casuística mais representativa e sem perda de dados importantes para avaliação do tratamento destes pacientes, e chegarmos a conclusões mais precisas para que possa nortear melhor a conduta nestes casos.