HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA leucemia aguda é uma doença maligna caracterizada pela proliferação clonal de células hematopoiéticas imaturas na medula óssea. A mucosite gastrointestinal corresponde ao processo inflamatório marcado por eritema e ulceração que pode ocorrer em qualquer região da mucosa digestiva e compreende um dispendioso efeito colateral associado à quimioterapia de indução. As células NK são um subtipo de linfócitos que através de diversos mecanismos desempenham um importante papel na imunidade inata e na imunoterapia contra o câncer. Contudo, permanecem obscuros os mecanismos pelos quais alguns pacientes tratados com quimioterapia manifestam maior gravidade de mucosite oral e intestinal.
ObjetivosAvaliar a associação entre a contagem de células NK e o desenvolvimento de mucosite oral e diarreia nos pacientes portadores de leucemia aguda submetidos à quimioterapia de indução.
Material e métodosO estudo seguiu um modelo prospectivo, observacional e analítico. A amostra foi composta por 70 pacientes diagnosticados com leucemia aguda no período de agosto de 2023 a dezembro de 2024. Para coleta dos dados, foi utilizado o percentual de células NK determinado por citometria de fluxo antes e 30 dias após a quimioterapia de indução. Durante a quimioterapia os pacientes foram acompanhados através da análise de prontuários eletrônicos e foram coletadas variáveis clínico-patológicas como: idade, sexo, subtipo diagnóstico da leucemia aguda, avaliação de risco molecular e citogenético, grau de mucosite oral e grau de diarreia mediante escala da Common Terminology Criteria for Adverse Events (CTCAE), presença de febre, infecção, e avaliação de doença residual mínima (DRM). Aprovado pelo CEP, Parecer: 6.140.642.
ResultadosA idade média dos pacientes foi de 43 anos, o fenótipo mais encontrado foi a leucemia mieloide aguda. Em relação aos efeitos adversos gastrointestinais, 59% dos pacientes apresentaram algum grau de mucosite oral e 50,8% apresentaram algum grau de diarreia. 86,9% dos pacientes apresentaram neutropenia febril e 75,4% pacientes apresentaram algum grau de infecção. A avaliação do percentual de células NK nos 27 pacientes que realizaram a contagem antes e após quimioterapia mostrou que houve queda do percentual em 77,8% desses pacientes. Uma queda maior do que 6% foi considerada uma alta variação de queda de células NK, esse valor foi definido de acordo com a área sobre a curva ROC e foi significativo em 76,2% pacientes (p = 0,001). Nos pacientes em que a redução das células NK foi maior que 6%, houve um aumento de linfócitos T em 85,7% desses pacientes (p = 0,001), e 90,5% desses pacientes apresentaram algum grau de mucosite oral (p = 0,024). Em relação a diarreia, a distribuição e o nível de significância também foram semelhantes: 71,4% dos pacientes apresentaram algum grau de diarreia (p = 0,016). No subgrupo em que o percentual de células NK em relação ao total de linfócitos foi menor do que 15%, 90% dos pacientes apresentaram resposta hematológica completa após quimioterapia de indução (p = 0,022).
Discussão e conclusãoOs resultados indicam que a diminuição no percentual de células NK após quimioterapia de indução associa-se com toxicidades gastrointestinais representadas por mucosite oral e diarreia, infecção clinicamente documentada e taxa de resposta completa ao tratamento inicial das leucemias aguda.
FinanciamentoHemoce, FUNCAP- SESA-Decit/SCTIE/MS-CNPq.




