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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
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HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 3438
Acesso de texto completo
AUSÊNCIA DE CD16 EM NEUTRÓFILOS: MIELODISPLASIA, HPN OU POLIMORFISMO?
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MV Gonçalves, ACT Silva, AVdS Sousa, MCdA Silva, AF Sandes
Grupo Fleury, São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A molécula CD16, (FcgRIII - receptor de baixa afinidade para a porção Fc de IgG), é uma glicoproteína de membrana encontrada principalmente na superfície celular, com duas isoformas principais: CD16A (FcgRIIIA), expresso em células natural killer (NK), monócitos e macrófagos, e CD16B (FcgRIIIB), presente quase exclusivamente em neutrófilos. Nas células NK, sua ativação é central para a citotoxicidade celular dependente de anticorpos (ADCC) desencadeando a liberação de perforina e granzimas. Em monócitos e macrófagos, participa na fagocitose e na liberação de citocinas pró-inflamatórias. Nos neutrófilos, o CD16B facilita a ligação a complexos imunes e a remoção de patógenos. A ausência ou perda de CD16 é bem conhecida em situações clínicas adquiridas, como síndrome mielodisplásica (SMD) ou hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), casos onde outras alterações fenotípicas são geralmente observadas. No entanto, a ausência isolada de CD16 é situação rara e que levanta desafios diagnósticos. Aqui descrevemos 2 casos de ausência de CD16 exclusivamente em neutrófilos, sem perda em NK ou monócitos, detectado na citometria de fluxo.

Descrição do caso

Caso 1: Feminino, 40 anos, neutropenia leve há detectada há cerca de 10 anos (1000-1500/mm3), assintomática, sem infecções de repetição e/ou graves, sem anemia ou plaquetopenia. Mielograma normocelular sem displasia, cariótipo normal, 46XX. Estudo imunofenotípico mostrou ausência completa de CD16 em neutrófilos, mantida em NK. Não havia displasia na expressão de outros marcadores granulocíticos (CD13, CD11b) ou eritroides (CD36, CD71), nem perda de CD14 em monócitos maduros, desfavorecendo SMD e HPN. Caso 2: Masculino, 66 anos, inicia Policitemia (Hb = 18 g/dL) após uso de testosterona, com leucócitos e plaquetas normais. Mielograma normocelular sem displasia, cariótipo normal, 46XY, biopsia sem achados sugestivos de policitemia vera. Estudo imunofenotípico mostrou ausência completa de CD16 em neutrófilos, mantida em NK. Não havia displasia na expressão de outros marcadores granulocíticos (CD13, CD11b) ou eritroides (CD36, CD71), nem perda de CD14 em monócitos maduros. Neste caso, realizado estudo para clone HPN que não demonstrou perda de CD157, FLAER em granulócitos ou monócitos, também aqui desfavorecendo SMD e HPN.

Conclusão

Ausência ou perda parcial de CD16 em neutrófilos é condição que pode ser observada em diversas condições relevantes como mielodisplasia ou HPN. É fundamental distinguir estas condições da rara deficiência de CD16B, o que pode ser feito através da observação de outros marcadores celulares em diversas populações, como os descritos acima. Ademais, a expressão de CD16 em NK deve ser especialmente observada, uma vez que o significado clínico pode ser diferente, sendo quadro clínico mais leve ou assintomático nos casos de deficiência em granulócitos (CD16B) e mais grave, com infecções de repetição ou doenças autoimunes nos casos de deficiências em NK (CD16A).

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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