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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S497 (outubro 2024)
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APLASIA DE MEDULA ÓSSEA SECUNDÁRIA AO IMATINIBE EM PACIENTE COM LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA
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K Vicenzi, L Paiva, BS Sabioni, LST Papinutto, ALBR Soares, JM Santos, KP Urago
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
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HEMO 2024

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Introdução

A leucemia mieloide crônica (LMC) é uma neoplasia mieloproliferativa crônica decorrente da ativação constitutiva do gene BCR-ABL1, relacionada à translocação (9;22). Com o tratamento com inibidor de tirosina quinase (TKi), os pacientes alcançam expectativa de vida semelhante à da população geral. A escolha do TKi deve considerar a eficácia, perfil de comorbidades e toxicidades. Ao longo do tratamento, podem ocorrer citopenias transitórias, sendo a aplasia de medula óssea (AA) um efeito adverso incomum.

Objetivo

Relatar um caso de aplasia de medula óssea relacionada ao imatinibe em paciente com LMC em fase crônica e resposta hematológica.

Relato de caso

Homem, 43 anos, sem comorbidades, com dor abdominal, náuseas, astenia e perda ponderal. Apresentava hepatoesplenomegalia, anemia, leucocitose de 671.800/mm3 com desvio escalonado para a esquerda, 4,5% de blastos e trombocitose. Cariótipo 46, XY, com t(9,22)(q34;q11) e BCR-ABL1 positivo na isoforma b2a2, confirmando o diagnóstico de LMC em fase crônica de alto risco (ELTS 2,22 e Sokal 2). Iniciou citorredução com hidroxiuréia, seguido de imatinibe 400 mg/dia, com resposta hematológica no 1° mês. A avaliação molecular no 3° mês demonstrava ausência de resposta com RT-qPCR 81,23% (EI). Na mesma ocasião, começou a apresentar trombocitopenia, anemia e neutropenia com necessidade de suspensão do imatinibe. Instituído tratamento de suporte com transfusão de plaquetas e filgrastima. Sem melhora após um mês, realizada biópsia de medula óssea que evidenciou celularidade < 5%, sem infiltração ou fibrose, compatível com anemia aplástica. Avaliação citogenética sem metáfases. Excluída a presença de clone HPN, assim como causas secundárias e crise blástica. Iniciado eltrombopague. Após 5 meses de suspensão do TKi e ainda recebendo eltrombopague, o paciente apresentou recuperação parcial das citopenias com Hb 10,9 g/dL, 1400 segmentados/mm3 e 33 mil plaquetas/mm3. Realizada tipagem HLA dos irmãos, identificado um irmão HLA idêntico, não sendo descartada a possibilidade de transplante de medula óssea (TMO) alogênico, a depender da evolução.

Discussão

O tratamento com TKi revolucionou o prognóstico e a sobrevida dos pacientes com LMC. O imatinibe é a droga mais utilizada, sendo a primeira linha de tratamento no sistema único de saúde (SUS) no Brasil. Seus efeitos colaterais tendem a ser bem tolerados e manejáveis. Citopenias transitórias podem ocorrer e costumam se resolver após suspensão temporária, com possibilidade de retorno da droga. Quando recorrente, indica troca de inibidor. Nos casos de aplasia persistente, não há consenso sobre a troca de TKi. Estudos anteriores mostram que o tempo médio de desenvolvimento de aplasia foi de 3,3 meses (1,5 a 6 meses) do início do TKi, com recuperação em média de 10,4 meses. O paciente relatado iniciou com aplasia após 3 meses do início da terapia, período compatível com a literatura, sem normalização após 5 meses da suspensão do TKi e terapia de suporte. Apesar das citopenias, a doença continua ativa e deve ser avaliada por BCR-ABL1. Por se tratar de efeito adverso raro, não há consenso quanto ao tratamento ou tempo aceitável de espera para resolução.

Conclusão

A aplasia de medula óssea induzida pelo TKi é um efeito adverso raro que indica suspensão do TKi e exclusão de causas secundárias. São escassos os dados sobre este tópico, não havendo consenso sobre quais estratégias devem ser adotadas, sendo o TMO alogênico uma opção a ser considerada.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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