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Vol. 43. Núm. S1.
Páginas S64-S65 (Outubro 2021)
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ANGIOEDEMA ADQUIRIDO EM PACIENTE COM LINFOMA LINFOPLASMOCÍTICO/MACROGLOBULINEMIA DE WALDENSTROM TRANSFORMADO EM LINFOMA NÃO-HODGKIN DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B – RELATO DE CASO
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JB Carvalho, CC Bernardi, BFB Spinelli, G Tagliari, L Costa
Hospital de Clínicas, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil
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Introdução

O Angioedema devido à deficiência adquirida do inibidor de C1 (C1-INH) é uma doença rara conhecida como angioedema adquirido (AEA), e foi descrita pela primeira vez em 1972 por Caldwell et al., em um paciente portador de desordem linfoproliferativa. É clinicamente semelhante ao angioedema hereditário (AEH), sendo caracterizado por episódios recorrentes de edema subcutâneo e de submucosa, podendo acometer a face, língua, extremidades, tronco e os órgãos genitais. O envolvimento do trato gastrointestinal e trato respiratório podem provocar quadros que simulam abdome agudo, e edema laríngeo. Ao contrário daqueles com AEH, os pacientes com AEA costumam ter sintomas mais tardiamente, 4ªou 5ªdécadas de vida, e não há história familiar de angioedema recorrente.

Relato de caso

Paciente do gênero feminino, 67 anos, negra, doméstica, natural do Rio de Janeiro, encaminhada ao Serviço de Hematologia em outubro de 2016 devido a queixas de anorexia, fadiga e dispneia aos médios esforços com evolução de oito meses. Ao hemograma apresentava anemia e trombocitopenia. Nessa época, foi identificada infiltração da medula óssea por linfoma linfoplasmocítico, gamopatia monoclonal IgM, com ausência de linfonodomegalia ou esplenomegalia, compatível com diagnóstico de Linfoma linfoplasmocítico/Macroglobulinemia de Waldenstrom. Apresentou resposta completa após oito ciclos de quimioterapia sistêmica composta por ciclofosfamida, vincristina e prednisona. Em Março de 2018, apresentou a 1ª recaída da doença (pancitopenia, sintomas B, gamopatia monoclonal IgM e infiltração medular), com resposta completa após novo protocolo quimioterápico instituído (Fludarabina e ciclofosfamida). Em Julho de 2020, evoluiu com o surgimento de massa submandibular à direita, medindo aproximadamente 11 cm no maior diâmetro à tomografia computadorizada de face. Laudo histopatológico e imunohistoquímico após biopsia da massa foi compatível com Linfoma Não-Hodgkin Difuso de Grandes Células B (CD20+, Bcl2+, CD3-, CD10-, Bcl6-, CD138-, Cd5-, CD23-, CiclinaD1-. Ki67 70%). Ausência de linfonodomegalia ou hepatoesplenomegalia identificáveis aos métodos de imagem, aspirado e biópsia de medula óssea sem evidências de células neoplásicas, assim como eletroforese e imunofixação de proteínas séricas e urinárias negativas. Após o 2° ciclo de tratamento com protocolo R-CHOP (Rituximab, ciclofosfamida, vincristina, doxorrubicina e prednisona); com resposta parcial radiológica; a paciente evoluiu com quadro de angioedema de face, lábios, pálpebras e língua, sem critérios para anafilaxia, refratário à corticoterapia e anti-histamínicos. Ausência de história familiar ou pessoal de angioedema. Exames laboratoriais identificaram níveis plasmáticos baixos do inibidor de C1 esterase (nefelometria) e C4, e indetectáveis de C1q, compatível com o diagnóstico de Angioedema por deficiência Adquirida do inibidor de C1 esterase, secundário à Doença Linfoproliferativa B. A paciente evoluiu com melhora clínica do angioedema após seguir protocolo quimioterápico da neoplasia.

Discussão

A deficiência de inibidor de C1 esterase (C1-INH) promove a ativação da via clássica do complemento e o consumo dos componentes C1, C2 e C4, alem da geração da bradicinina, que aumenta a permeabilidade vascular e induz o angioedema. O AEA é uma forma muito rara de angioedema e pode ser classificada em dois tipos: AEA tipo I e AEA tipo II. Independente do mecanismo fisiopatogênico subjacente, o diagnóstico laboratorial é confirmado pelos baixos níveis plasmáticos do inibidor de C1 (antígeno/funcional), do C1q e C4, e níveis normais de C3. No AEH os níveis plasmáticos de C1q estão normais.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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