
As Ligas Acadêmicas (LA) de hematologia permitem essa complementação por meio de atividades como aulas com especialistas, projetos de pesquisa e extensão. Portanto, é importante entender quais os projetos ofertados pelas LA são de interesse dos alunos, como forma de potencializar a participação dos mesmos nas LA, melhorando seu desempenho acadêmico.
MetodologiaFoi realizado um estudo descritivo, com etapa quantitativa e qualitativa, através da aplicação de questionários online, onde foi indagado através de uma pergunta aberta, as atividades que os estudantes realizavam nas LA. Em 2020 foram abordados 558 participantes das ligas de hematologia do Brasil, alcançando resultado de 61,4% (343). Os dados qualitativos foram analisados a partir do conceito de análise de conteúdo, técnica que busca categorizar os itens que se repetem em expressões que as representem. Usa-se o método da dedução frequencial, sem se preocupar com o sentido contido no texto. Assim, é necessário identificar o que os elementos têm em comum que permitam o seu agrupamento. Essa pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da instituição proponente sob CAAE 24510719.2.0000.0029.
ResultadosOs projetos desenvolvidos pelas LA de hematologia foram categorizados de acordo com as respostas obtidas como: (1) Pesquisa; (2) Cursos; (3) Congressos Médicos; (4) Produção Científica; (5) Extensão Comunitária; (6) Acompanhamento de médicos; (7) Estágio; (8) Nenhum; Sendo a porcentagem de “Nenhum” a mais frequente, contabilizando 41,6% das respostas, seguida de “Cursos”, com 25,7% e “Produção Científica” com 22,8%.
DiscussãoA categoria 1 abrange pesquisas originais em parceria com profissionais da área e hemocentros. Contudo, houveram apenas 9,2% de citações, o que mostra não ser um grande motivador da participação de alunos em LA. Isto leva ao questionamento do incentivo da pesquisa no Brasil, e uma faculdade centrada em ensinar exclusivamente assistência. A categoria 2 abrange cursos e simpósios. Foram citados curso de coleta de sangue e interpretação de hemograma. A categoria 3 refere-se à participação em Congressos Médicos (13,8% de respostas), dentre eles, o Congresso HEMO, maior congresso de hematologia no país. Contudo, este não foi o congresso mais citado pelos alunos das LA (4,4% dentre os que responderam “congresso”), a despeito do apoio da ABHH. A categoria 4 abrange a produção e publicação de resumos e artigos, sendo uma atividade prevalente entre os alunos. Já a 5 remete aos projetos de extensão onde se destacaram mutirões de conscientização/doação de sangue e medula óssea, com 17,3% de menção. A categoria 6 abarca o acompanhamento ambulatorial e hospitalar de médicos e equipes no contexto de atendimentos hematológicos, com 6,7% citações. Os estágios (7) ocorreram nas áreas de transplante de medula, em hemocentros e clínicas, com representação de apenas 5,6%. Uma parcela significativa dos alunos relata que não desenvolveu nenhum projeto em suas LA (categoria 8).
ConclusãoComo a resposta mais dada foi “nenhum”, tem-se que os projetos desenvolvidos pelas ligas não promovem grande incentivo para a participação nas LA. Apesar disso, as LA possuem grande potencial para projetos que podem gerar novos conhecimentos por meio da pesquisa, e ser um grande agente modificador através de extensões comunitárias. Com isso, há necessidade de reforçar os projetos existentes, e motivar a criação dos mesmos nas que não possuem.