Descrever as solicitações de aféreses terapêuticas realizadas pelo Grupo GSH nos hospitais atendidos nas regiões de São Paulo, ABC Paulista e Rio de Janeiro, evidenciando os tipos de procedimentos solicitados, indicações, idade média dos pacientes e média das sessões realizadas.

Análise retrospectiva dos procedimentos de aféreses terapêuticas realizados no período de setembro de 2020 a junho de 2022. O equipamento utilizado nos procedimentos foi Spectra Optia® com troca de volemia, sendo reposição por plasma fresco ou albumina a 4%, conforme a indicação clínica.

No período analisado foram realizadas 1.138 aféreses terapêuticas, das quais 98,8% foram solicitações de plasmaférese terapêutica (1.124) e 1,2% solicitações de citaférese terapêutica, divididas em 71,4% leucaférese (10) e 28,6% eritrocitoaférese (4). No total, 232 pacientes foram atendidos. A idade média foi de 39 anos (1 a 90), destes, 94% com idade superior a 18 anos, e a maioria (59%) eram do sexo feminino. Das indicações clínicas destacam-se as patologias neurológicas (61,6%) e hematológicas (17,7%). Quanto ao diagnóstico, os mais frequentes nas solicitações de plasmaférese foram esclerose múltipla (13,3%), miastenia gravis (11,5%) e púrpura trombocitopenica trombótica (10,5%); leucemia mieloide aguda (70%) para as solicitações de leucaférese e anemia falciforme (100%) para eritrocitoaférese. A quantidade média de sessões por paciente nas plasmaféreses terapêuticas foi de 5 (1-30) e nas citaféreses 1 (1-2).

Os resultados encontrados, em grande parte, estão de acordo com o descrito em literatura. Apesar da maioria dos procedimentos (86%) seguirem as categorias I e II de classificação da ASFA, tivemos 14% de procedimentos de categoria III, sendo 7% apenas de solicitações com indicação de hipertrigliceridemia, dos quais foram indicados baseados na relação risco-benefício aos pacientes em questão. Nesses casos de procedimentos categoria III é importante ressaltar que os efeitos da aférese terapêutica podem ser benéficos, porém transitórios, o que não a torna um tratamento de primeira linha, sendo utilizada somente como manutenção temporárias e coadjuvante aos tratamentos convencionais.

As aféreses terapêuticas são uma opção necessária no manejo de diversas doenças como primeira linha de tratamento e também para doenças refratárias ao tratamento convencional como terapia adicional. Porém, essas terapias contêm riscos e devem ser cuidadosamente indicados; no entanto, em muitas situações ainda não há uma definição clara na literatura, ou não se tem um diagnóstico preciso. Assim, os casos devem ser discutidos individualmente com equipe multidisciplinar para pesar os riscos e benefícios ao paciente. Conhecer o perfil de atendimento a esses pacientes é essencial para adequação das equipes atuantes na área, principalmente as equipes especializadas, além de melhorar a prestação de serviço nos hospitais atendidos.