
Investigar a ocorrência de soroconversão de doadores de repetição e a taxa de retorno para confirmação dos resultados em um serviço de hemoterapia em Curitiba entre janeiro a dezembro de 2020.
Materiais e métodosPesquisa observacional retrospectiva através da coleta de dados dos sistemas informatizados utilizados na instituição, de doadores que realizaram doação durante o período compreendido entre janeiro a dezembro de 2020.
ResultadosNo período estudado, 90 doadores de repetição foram convocados para coleta de nova amostra por apresentarem resultados sorológicos inicialmente reagentes. Desses doadores, 41,2% são doadores do sexo feminino e 58,8% são do sexo masculino. Desse total, 94,4% compareceram para coleta de nova amostra e 5,6% não compareceram, permanecendo com inaptidão inconclusiva. Quando comparado ao sexo, compareceram 100% dos doadores do sexo feminino e 90,56% dos doadores do sexo masculino. Em análise ao resultado final, 58,9% dos doadores que compareceram, apresentaram resultados não reagentes e estão aptos para realizar nova doação, e 41,1% dos doadores apresentaram soroconversão para os marcadores pesquisados na triagem sorológica, sendo 48,58% doadores do sexo feminino e 51,42% são doadores do sexo masculino. A média de idade de soroconversão dos doadores foi de 41 anos com 77,1% de soroconversões para sífilis (48,14% feminino e 51,86% masculino), 14,28% para Anti-HBc (80% feminino e 20% masculino), 5,72% para HIV (100% masculino) e 2,9% para HBV (100% masculino).
DiscussãoA soroconversão é caracterizada como a viragem sorológica de um indivíduo que apresentava resultados anteriores Não Reagentes e/ou Não Detectado. Frente ao caso, o hemocomponente da doação atual é descartado e o doador é convocado para coleta de nova amostra para confirmação dos resultados. Se confirmados, o doador ficará inapto definitivamente para doação de sangue. Além disso, se a soroconversão for para os marcadores com investigação obrigatória (HBV, HCV HTLV e HIV), se houve transfusão dos hemocomponentes provenientes da doação anterior, o paciente receptor deverá ser investigado quanto à possibilidade de contaminação. Apesar da soroconversão ser um evento já esperado dentro da rotina da instituição, a ocorrência é baixa, representando 0,17% das doações de repetição no ano de 2020. É possível observar que em 90 doadores analisados, obtivemos um percentual de 41,1% de soroconversões, em uma faixa etária média de 41 anos. Evidenciamos que a maior taxa de soroconversão ocorre em doadores do sexo masculino, sendo Sífilis o marcador de maior prevalência nessa população, representando 40% do total. Em uma comparação paralela com o Boletim Epidemiológico de Sífilis do ano de 2020, os resultados encontrados na instituição são semelhantes, tanto por sexo e por faixa etária.
ConclusãoA triagem sorológica é uma etapa fundamental do ciclo do sangue, diretamente associada à garantia da qualidade e segurança do processo. Apesar do índice de soroconversões ser abaixo de 1% para doadores de repetição, a convocação desses doadores é um processo crítico e mostrou-se eficaz, devido à porcentagem de 94,4% de retorno e conclusão, permitindo a reinclusão desses indivíduos como doadores de sangue.