
A determinação do perfil de antígenos eritrocitários em doadores de sangue e pacientes que recebem transfusão sanguínea é importante na prevenção da aloimunização. Para a detecção desses antígenos é realizada a técnica convencional de fenotipagem eritrocitária. Quando essa técnica apresenta limitações, seja devido a expressão fraca ou alterada dos antígenos, ou em paciente politransfundido, é necessário a implantação de técnicas de amplificação de ácidos nucleicos. O objetivo deste estudo foi comparar as técnicas de fenotipagem e genotipagem eritrocitária realizadas em voluntários da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Materiais e métodosFoi realizado um estudo observacional transversal com indivíduos da comunidade universitária. Foram realizadas 37 fenotipagens, pela metodologia de aglutinação em coluna-gel-teste, para antígenos dos sistemas Rh e Kell. Foram selecionados 4 indivíduos, os quais possuíam os fenótipos de relevância a serem estudados, sendo eles: Rhccee, RhCCee, K-k+, K+k+. Posteriormente, foi realizada a extração e quantificação de DNA seguido de amplificação por meio de PCR alelo específico (PCR-AS), e revelação por eletroforese em gel para os antígenos do sistema Rh (C, c, E, e) e do sistema Kell (K, k).
ResultadosA distribuiçãodos fenótipos do sistema Rh e Kell encontrados neste estudo foram: 2 (50%) indivíduos RhCCee, 2 (50%) indivíduos Rhccee, 3 (75%) indivíduos K-k+ e 1 (25%) indivíduo K+k+. A genotipagem realizada por PCRAS apresentou os resultados concordantes ao da fenotipagem.
DiscussãoA PCR convencional realizada neste estudo gerou resultados 100% condizentes com a fenotipagem anteriormente realizada. A PCR convencional é um método qualitativo, e o produto dessa reação é visualizado por meio da eletroforese, técnica usada para separar fragmentos de DNA com base no tamanho e carga, sendo revelado em luz UV. Deve ser ressaltado que como alternativa para PCR convencional existe a PCR em tempo real que permite a monitorização em tempo real da amplificação, que é baseado na detecção e quantificação de um composto fluorescente que aumenta proporcionalmente a quantidade de material genético que está sendo amplificado. A PCR em tempo real vem sendo muito utilizada por ser quantitativa, precisa, sensível, rápida e com maior reprodutibilidade. Além disso, essa técnica não possui processamento pós-PCR, minimizando as chances de contaminação cruzada, mas tendo como desvantagem o alto custo do equipamento. Realizar a genotipagem de maneira precisa dos principais antígenos eritrocitários garante segurança transfusional, tendo em vista o potencial que a imunogenicidade tem para acarretar reações transfusionais hemolíticas e doença hemolítica perinatal.
ConclusãoOs resultados do presente estudo demonstram a equivalência entre a fenotipagem e a genotipagem, realizada pela PCR convencional, nos indivíduos avaliados. No entanto, realizaremos estudos futuros com maior número de amostras e antígenos eritrocitários para que determinemos a especificidade, sensibilidade e reprodutibilidade dos testes. Além disso, analisaremos métodos de genotipagem alternativos, como a PCR em tempo real em equipamento QuantStudio 5 (ThermoFisher) recentemente adquirido, que permitirá um procedimento mais rápido, preciso e seguro, visando a aplicação de novos métodos de diagnóstico na rotina imuno-hematológica.