
Primários: 1) Avaliação clínico-laboratorial dos pacientes portadores de linfoma MALT ocular e de anexo ocular (LMOA) acompanhados no ambulatório de Linfoma não Hodgkin (LNH) da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; 2) Estratificação destes pacientes de acordo com o escore MALT-IPI. Secundário: 1) Avaliar possíveis fatores prognósticos que auxiliem na estratificação de risco destes pacientes.
Pacientes e métodosEstudo observacional, retrospectivo, analítico e descritivo, feito a partir da avaliação de prontuários de pacientes diagnosticados com LMOA. Para análise estatística foi realizado o cálculo de frequências e de médias a fim de avaliar as características da população estudada. Regressão logística para validação do escore MALT-IPI em relação ao desfecho primário e regressão logística uni e multivariada para avaliação de demais variáveis identificadas com possível impacto prognóstico.
ResultadosForam analisados 24 pacientes, encontrado predomínio do sexo feminino, mediana de idade ao diagnóstico de 61,5 anos e estadio IEA em 87,5% dos casos. Quando avaliado o MALT-IPI em relação ao desfecho primário, não encontramos valores que pudessem trazer algum nível de significância, porém ao avaliar demais dados dos pacientes vimos que naqueles com contagem total de leucócitos acima de 9500/mm3 encontramos relação com o desfecho primário tal como ao estratificar os pacientes entre um grupo com até 2 estruturas e outro com mais de 2 estruturas acometidas pela avaliação tomográfica obtivemos pior prognóstico no grupo com mais estruturas acometidas.
DiscussãoQuando comparamos nossa amostra com a da literatura algumas características clínicas da população se assemelham, mas outros dados, no entanto, apresentaram divergências. Estes podem ser atribuídos a diversos fatores como a variabilidade étnico-geográfica, a patogênese do LMOA que até o momento não foi definitivamente esclarecida e as diferenças nos critérios de inclusão nos estudos. Quanto ao escore MALT-IPI, este foi desenhado para suprir a necessidade de uma avaliação prognóstica direcionada para os linfomas MALT, porém foi feito com uma amostragem predominante gástrica não especificando a quantidade de pacientes com LMOA. Assim, uma melhor definição de fatores prognósticos para LMOA como também sua aplicação na prática clínica para definição de tratamento representa uma das necessidades ainda não atendidas visto que atualmente a definição do tratamento vem habitualmente da avaliação clínica e laboratorial do paciente e baseada muitas vezes em dados isolados. Demostrada a inadequação do uso do MALT-IPI em nossa amostra, passamos a analisar outros elementos como a quantidade de sítios orbitários e periorbitários infiltrados pela doença. Assim, distinguimos um grupo de pior prognóstico com os pacientes os quais tinham 3 ou mais estruturas acometidas das avaliadas, órbita, conjuntiva, músculo, pálpebra, glândula lacrimal, nervo e estruturas a distância como linfonodos e medula óssea.
ConclusãoO MALT-IPI não apresentou na nossa amostra relação prognóstica com o desfecho primário. Das demais características avaliadas, o acometimento do linfoma em 3 ou mais estruturas foi com significância estatística relacionado com maior risco de desfecho primário.