
A doença falciforme (DF) é uma doença genética e hereditária, que necessita ser herdada de ambos os pais que possuem o gene da Hemoglobina S. A causa da doença é uma mutação pontual no gene da Hemoglobina, presente no interior das hemácias. A dor é a manifestação mais comum em pacientes com DF, tendo impacto direto na sua qualidade de vida. A fisiopatologia da dor na DF é complexa e provavelmente heterogênea, dependendo de sua localização. A medição da dor, em seres humanos, é essencial para avaliar os métodos de controle, tendo-se em vista altas taxas de dores na doença falciforme visto que não existe muitos estudos atuais sobre os tipos de dor e as consequências associadas para um melhor tratamento. Consequentemente a dor pode desencadear problemas biopsicossociais, sendo que esses pacientes possuem não somente o estresse advindo do fato de serem portadores de uma doença crônica, mas também convivem com o problema da natureza de sua doença cuja repetição das crises, afeta sua atuação, tanto na vida pessoal, quanto na vida profissional. O objetivo proposto neste trabalho é analisar e caracterizar a percepção da dor em pacientes com DF através de um questionário semiestruturado com perguntas e escalas de avaliação da dor.
JustificativaCom a pesquisa da análise da dor, através dos resultados obtidos o paciente poderá ser direcionado para uma equipe multidisciplinar e multiprofissional que irá avaliar as causas associadas na intensidade da dor e a forma mais adequada para o controle álgico em cada caso, e a necessidade de suporte para os problemas biopsicossociais relatados.
Materiais e métodosTrata-se de um estudo nacional e unicêntrico, observacional, realizado em pacientes com diagnóstico de doença falciforme da Fundação Hemominas. A amostra do estudo foi tomada por conveniência, de livre participação. Foram aplicados questionários semiestruturados, os quais continham perguntas relacionadas aos dados epidemiológicos gerais, relacionadas as características da doença falciforme e relacionadas a dor, baseadas em estudo prévio e instrumentos distintos de escalas para avaliação da dor, sendo, unidimensionais (escala numérica) e multidimensionais (McGill Pain Questionnarie /Questionário de dor McGill – MPQ).
Resultados45 pacientes completaram o estudo, com maior prevalência entre as pessoas com a faixa etária de idade de 31 a 40 anos. O tipo de hemoglobinopatia mais encontrado nesses participantes foi a SS, seguida pela HbSC. Sobre a pergunta de estarem sentindo dor no momento da entrevista, 37 (82,2%) dos participantes relataram sentir dor, e 8 (17,8%) relataram não sentir dor. Na análise dos fatores que desencadeiam as crises dolorosas, 80% responderam o frio.
DiscussãoA crise de dor é a maior causa de procura dos serviços de emergências, em pacientes com DF. Sendo assim, investir no autocuidado pelo meio da educação em saúde, deve ser uma prioridade na atenção total ao paciente. A educação em saúde deve incluir instruções para a família sobre a dor, seus fatores que desencadeiam, prevenções e tratamentos.
ConclusãoA dor é a manifestação mais frequente no doente falciforme, refletindo em suas atividades psicológicas e na qualidade de vida. Dessa forma, torna-se necessária uma abordagem na avaliação dos atributos da dor. Os instrumentos utilizados neste estudo foram eficazes para identificar o perfil dos pacientes com dor ao processo de falcização.