HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Policitemia Vera (PV) é uma neoplasia mieloproliferativa crônica caracterizada pelo aumento descontrolado da produção de células sanguíneas, principalmente hemácias. Essa condição eleva a viscosidade do sangue e o risco de tromboses e complicações cardiovasculares, podendo levar à morte se não for tratada adequadamente.
ObjetivosInvestigar os padrões de mortalidade por Policitemia Vera no Brasil no intervalo de 2013 a 2023 segundo características sociodemográficas e regionais.
Material e métodosTrata-se de um estudo ecológico, baseado em dados secundários provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade. Foram incluídos todos os óbitos registrados no Brasil entre os anos de 2013 e 2023, cuja causa básica de morte esteja classificada sob o código D45 da Classificação Internacional de Doenças – 10ª Revisão (CID-10), correspondente à PV. As variáveis (região, idade, sexo, coloração da pele e escolaridade) foram avaliadas no SPSS 15.0 em frequências absolutas e relativas.
ResultadosForam notificados 656 óbitos decorrentes da PV, no período de 2013 a 2023, com uma média de 65,6 casos por ano. O ano de 2023 registrou o maior percentual com 11,43% das notificações. Ao avaliar a mortalidade por regiões do Brasil, 46,65% ocorreu na região Sudeste, 21,80% no Nordeste, 19,66% no Sul, 6,55% no Centro-Oeste e 5,34% no Norte. Dentre os estados, evidencia-se, majoritariamente, óbitos em São Paulo (19,36%), Rio de Janeiro (13,41%) e Minas Gerais (11,47%). Já os estados com menores índices de mortalidade por PV foram Amapá (0,15%), Mato Grosso do Sul e Rondônia (0,46%). Em relação à idade, os idosos apresentaram a maior prevalência de óbitos com 79,88%. Quanto ao sexo, 51,22% das notificações corresponderam a mulheres. Referente à coloração da pele, os óbitos foram mais prevalentes em pessoas brancas (61,74%). No que diz respeito à escolaridade, a mortalidade predominou em indivíduos que não chegaram a concluir o ensino médio (62,71%). Ademais, deve-se considerar a ausência de informações sociodemográficas nas notificações, como escolaridade (16,92%) e coloração da pele (2,90%).
Discussão e conclusãoO estudo de Araújo et al. (2022) constatou o diagnóstico majoritário na região Sudeste e aponta para um possível subdiagnóstico nas demais regiões do Brasil. Em relação às características sociodemográficas, o trabalho de Tefferi e Barbui (2023) também descreveu os homens e mulheres como igualmente afetados, assim como pessoas acima dos 60 anos de idade. O predomínio de óbitos em indivíduos com baixa escolaridade, pode refletir a dificuldade de acesso aos serviços de saúde desta população. A ausência do preenchimento completo das fichas de notificação limita o delineamento do perfil epidemiológico dos casos de PV no Brasil. Os óbitos decorrentes de PV se apresentaram frequentes em idosos, pessoas brancas e populações vulneráveis, com maior concentração de óbitos na região Sudeste. O aumento das notificações em 2023 denota a urgência de políticas de rastreamento e manejo clínico eficaz, visando reduzir complicações e óbitos.
Referências:
- 1.
Tefferi A, Barbui T. Polycythemia vera: 2024 update on diagnosis, risk-stratification, and management. Am J Hematol. 2023;98:1465-87. doi:10.1002/ajh.27174.
- 2.
Araújo ARB, Gaspar TRR, Moura GKM, Paulo MMSF, Morais MT, Santos EVL. Policitemia vera: o subdiagnóstico como fator de alerta para a saúde pública no Brasil. Braz J Health Rev. 2022;5:13841-51. doi:10.34119/bjhrv5n6-039.




