Introdução: A amiloidose é um grupo heterogêneo de doenças caracterizado pelo depósito extracelular de fibrilas protéicas insolúveis nos tecidos e órgãos. O amiloidoma por sua vez, é uma manifestação incomum da amiloidose, provocado pelo depósito local da proteína amilóide, formando uma massa solitária no corpo do paciente. Em raros casos, este amiloidoma pode simular um tumor peritoneal. Relato de caso: Mulher, 70 anos, é encaminhada ao serviço de cirurgia oncológica em maio/2019 com queixa de dor pélvica há 3 anos e exame físico constando massa palpável em região infra-abdominal direita, dolorosa à palpação profunda e submaciça à percussão. Trouxe tomografia computadorizada (TC) de abdome e pelve evidenciando “Volumosa formação expansiva sólida-cística com calcificações periféricas e aparente epicentro presumido na região anexial direita, de provável origem neoplásica”. Foi realizada biópsia do omento e peritônio para investigação da suspeita de carcinoma ovariano, contudo como houve ausência de neoplasia na peça e presença de material amorfo, o patologista fez pesquisa de vermelho congo, que evidenciou substância amilóide. Encaminhada para a hematologia, realizou avaliação inicial que mostrou eletroforese de proteínas com pico monoclonal IgG lambda, corroborando para diagnóstico amiloidoma AL com evidência de amiloidose sistêmica primária. Fez biópsia de medula óssea em fevereiro/2020 que evidenciou raros plasmócitos entre as células do tecido hematopoiético, que associado a ausência de critérios CRAB (hipercalcemia, insuficiência renal, anemia e lesões ósseas), descartou a associação com mieloma múltiplo. Discussão: O amiloidoma é uma forma localizada da amiloidose, que pode acometer vários sítios anatômicos, incluindo, principalmente, o sistema nervoso central e periférico, o pulmão e o trato gastrointestinal. Devido a falta de sintomas e achados radiológicos específicos, esta patologia é de difícil diagnóstico precoce. Além disso, é frequentemente confundido com neoplasias malignas, como carcinoma metastático ou linfoma, e no nosso caso, tumor de ovário. A ressecção cirúrgica precoce e a quimioterapia ou radioterapia anteriores são importantes para melhorar os resultados de pacientes com amiloidoma retroperitoneal e mesentérico. Essa ressecção não foi possível em nosso caso, em virtude de sangramento exuberante por neoangiogênese associada à massa. Conclusão: Este é um relato de amiloidoma peritoneal em paciente com amiloidose sistêmica primária, uma condição rara que mostra mau prognóstico. Portanto, observa-se que o tamanho e a localização do amiloidoma influenciam diretamente no prognóstico do paciente, sendo a avaliação histopatológica precoce essencial para melhor desfecho. Entretanto, além de ser uma entidade rara, o amiloidoma pode apresentar uma clínica e exames de imagem incomuns, podendo, inclusive, simular um carcinoma ovariano. Portanto, é importante considerar esta patologia no diagnóstico diferencial de massas peritoneais.
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