
A Leucemia Linfocítica Crônica é caracterizada pela proliferação clonal e acúmulo de células B maduras ocasionado pelo aumento desordenado na sua produção. Assim, ocorre progressivamente a infiltração de células clonais na medula óssea e outros órgãos do sistema imunológico, como o baço, fígado, e os linfonodos. No hemograma, avalia-se alterações no sangue periférico com a presença de linfocitose de células maduras, pró linfócitos, alguns casos com anemia, trombocitopenia e as manchas de Gumprecht.
ObjetivoO objetivo desse trabalho é relatar as alterações cromossômicas associadas a Leucemia Linfóide Crônica e como essas mutações podem interferir no prognóstico dessa doença hematológica.
Material e MétodosA metodologia utilizada na realização desse trabalho foi pautada em uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados eletrônicas: PubMed, Scielo, LILACS e portal da Capes. As palavras-chaves utilizadas para a busca foram: “Leucemia linfoide crônica”, “alterações cromossômicas”, “proliferação clonal”. Para elaboração dessa análise, foram considerados artigos publicados de 2017 a 2022.
ResultadoDentre as principais alterações cromossômicas na LLC está a deleção do cromossomo 17, localizado o gene supressor TP53 na banda 17p13. O TP53 codifica a proteína supressora de tumor p53, responsável pela regulação do ciclo celular, apoptose e promoção do reparo do DNA. Ou seja, em condições normais após o dano no DNA, o p53 codificado desencadearia a apoptose ou a parada do ciclo celular até que a célula complete os processos de reparo do DNA. Portanto, devido a alteração do TP53, a proteína p53 não é codificada e por isso, não desenvolve suas diversas funções nas atividades celulares, assim ocorre a replicação de anormalidades genéticas potencialmente prejudiciais. Contudo, existem outras mutações relacionadas à LLC, como a deleção do 13q, região onde são codificados pequenos genes que regulam a expressão gênica. Há também a trissomia do 12 que pode ocasionar mutações em NOTCH1 e FBXW7, levando a parada da proliferação celular, evasão da apoptose e a deleção do braço longo do cromossomo 11 que abrange o gene supressor de tumor, ATM que está envolvido na ativação e reparação do DNA e regulação do ciclo celular. Além disso, é importante enfatizar que há outro gene envolvido na deleção do 11q, BIRC, quando ativo, promove a proliferação celular.
DiscussãoNo caso da LLC, o diagnóstico é feito para avaliar as alterações celulares, o grau de invasão da medula óssea, além de determinar antígenos celulares de superfície, como a expressão dos antígenos das células B, CD5, CD23, baixos níveis de CD20, juntamente com CD43 e CD200. Ademais, revelar as alterações cromossômicas, por meio da técnica de hibridização in situ por fluorescência (FISH), capaz de detectar deleções e adições do material genético, por exemplo, deleção 13q, deleção 11q, deleção do 17p e trissomia do 12 que podem mudar o curso clínica da doença tornando-as mais agressivas, pois essas mutações genéticas estão associadas com a superexpressão ou supressão de genes, os mesmos afetados influenciam na patogênese da doença.
ConclusãoAs mutações associadas aos desfechos da Leucemia Linfocítica Crônica, são encontradas nos genes ATM, BIRC, NOTCH1 e TP53, responsáveis por diferentes atividades celulares que incluem a regulação do ciclo celular, remoção de danos no DNA, indução da apoptose, inibição da proliferação celular e outros. Mas, a mutação causa anormalidades genéticas prejudiciais no desenvolvimento das atividades celulares, por conseguinte ocorrem falhas na reparação do DNA, regulação do ciclo celular, além da infiltração de células e proliferação clonais. Portanto, é necessário avaliar a citogenética de forma efetiva, para analisar a mutação do gene afetado e assim, realizar o tratamento adequado.