Objetivos: A transfusão sanguínea é um procedimento de grande contribuição na prática clínica atual. Porém, a transfusão de hemácias pode apresentar riscos, como o desenvolvimento de aloanticorpos. O objetivo deste estudo foi avaliar a frequência e a especificidade de aloanticorpos eritrocitários em receptores fenotipados do Hemonúcleo de Ponta Grossa, Paraná; no período de 2017 a 2019. Metodologia: Foi realizado um estudo transversal retrospectivo com informações obtidas (idade, sexo e resultados dos aloanticorpos eritrocitários detectados) do banco de dados do SBS.WEB (Sistema de Banco de Sangue). Resultados: Foram investigados 156 registros de fenotipagem, 98 (62,8%) demonstraram a presença de aloanticorpos eritrocitários. A idade média da população estudada foi de 54,84±21,17 anos, com maior frequência de aloanticorpos eritrocitários em indivíduos do sexo feminino, na faixa etária entre 20 e 40 anos. Foram detectados 139 aloanticorpos eritrocitários em 98 pacientes avaliados, principalmente Anti-D e Anti-E > Anti-K > Anti-C > Anti-c. Observou-se 64 (65,3%) pacientes com aloanticorpo único e 34 (34,7%) com aloanticorpos eritrocitários múltiplos. Na forma isolada foram detectados principalmente Anti-D > Anti-K > Anti-E, Na forma associada, a combinação mais frequente foi entre Anti-C e Anti-D. Discussão: Uma possível explicação para a maior presença de aloanticorpos eritrocitários no sexo feminino, entre 20 e 40 anos, é alta frequência de aloimunização durante a gravidez. Mesmo que, nas últimas décadas, a aloimunização eritrocitária exibiu redução, devido à imunoprofilaxia com administração de anti-D em mulheres Rh-D negativas, a aloimunização ainda representa uma complicação grave na saúde perinatal. Historicamente, é mais provável que os anticorpos anti-D ocasionem hemólise grave, mas outros anticorpos também são importantes. Mais de 50 antígenos eritrocitários do sistema Rh são conhecidos por causar a doença hemolítica perinatal. Além do sistema sanguíneo ABO, os anticorpos clinicamente significantes são aqueles nos sistemas de grupos sanguíneos Rh, Kell, Duffy, Kidd e Diego. Os resultados encontrados no presente estudo demonstraram principalmente a presença de anticorpos clinicamente significantes do sistema Rh e do sistema Kell, sendo Anti-D e Anti-E > Anti-K > Anti-C > Anti-c. Em estudo anterior sobre a especificidade dos aloanticorpos eritrocitários na população brasileira, os mais frequentemente identificados foram Anti-E > Anti-D > Anti-K > Anti-C > Anti-Dia. Outros estudos demonstraram diferentes resultados, Anti-E > Anti-Mia/Mur > Anti-c > Anti-Lea > Anti-M em indivíduos chineses e Anti-E > Anti-Lea > Anti-K > Anti-D > Anti-Leb em americanos. Conclusão: O desenvolvimento de aloanticorpos eritrocitários pode complicar expressivamente a terapia transfusional. Pois, provoca uma busca mais criteriosa e específica aos estoques de bolsas fenotipadas para tornar a transfusão sanguínea mais segura, evitando possíveis reações transfusionais. Devido à alta frequência de aloanticorpos observada nesse estudo, ressalta-se a necessidade da conscientização sobre os efeitos e consequências das solicitações de hemocomponentes. Uma vez que, as mesmas devem ser realizadas com mais critério, contribuindo para diminuir o desenvolvimento de aloanticorpos e consequentemente uma redução do tempo do processo de transfusão.
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Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 335 (novembro 2020)
Vol. 42. Núm. S2.
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ALOIMUNIZAÇÃO ERITROCITÁRIA EM PACIENTES ATENDIDOS NO HEMONÚCLEO DE PONTA GROSSA – PARANÁ
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