Objetivos: Os aloanticorpos antieritrocitários irregulares clinicamente significantes (AAI-CS) estão associados com Doença Hemolítica do Feto e do Recém-Nascido (DHFRN) e/ou Reação Hemolítica Transfusional (RHT). O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência e os riscos de AAI clinicamente significantes em doadoras de sangue em idade gestacional (DSIG). Metodologia: Foi realizado um estudo transversal, descritivo e retrospectivo de dados demográficos, e de perfil dos AAI das DSIG (16 a 45 anos), provenientes da Hemorrede Hemepar, no período de maio de 2011 a maio de 2016, pela metodologia de gel centrifugação. Resultados: Foram analisados dados da pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) de 97.719 DSIG, das quais 86,1% eram RhD positivas e 13,9% RhD negativas. Em 0,29% das doadoras foram identificados AAI-CS, sendo 0,18% das RhD positivas e 0,95% das RhD negativas. O anti-D (80,8%) foi o principal aloanticorpo identificado nas doadoras RhD negativas, seguido do anti-C (11,9%), -K (2,6%), -E (1,3%), -Diª (0,7%), -Jkª (0,7%), -Jkb (0,7%), -S (0,7%). Em mulheres RhD positivo, foram encontrados predominantemente os aloanticorpos anti-E (33,3%), -K (31,8%), -Diª (17,1%), e -c (11,6%). Nestas, também foi identificado anti-Fya (1,6%), -Jka (1,6%), -Jkb (0,8%) e -Fyb (0,8%). Discussão: A alta prevalência do anti-D nas mulheres RhD negativas possivelmente está relacionada com aloimunização pós-gestacional e falha na imunoprofilaxia Rh. Os AAI-CS encontrados estão associados com DHFRN e RHT graves, destacando-se a importância de orientação quanto aos riscos destes aloanticorpos. Adicionalmente, pode haver queda de título e os aloanticorpos não serem mais detectados, especialmente anticorpos contra antígenos do sistema Kidd. Os aloanticorpos anti-K, anti-c e anti-Dia, encontrados predominantemente em DSIG RhD positivas, podem causar DHFRN grave, fato relevante que justifica a necessidade de realizar a pesquisa de AAI-CS em todas as gestantes, independente do RhD. A detecção de anti-K em todas as gestantes foi associada com o aumento da sobrevida perinatal. Foi demonstrado que a pesquisa de aloanticorpos não-D no primeiro trimestre e na 30ª semana de gestação, aumenta a sensibilidade da detecção de AAI-CS, e ajuda a identificar e gerenciar adequadamente as gestações de alto risco. No Brasil, as diretrizes do Ministério da Saúde orientam realizar a PAI (Coombs Indireto-CI) em gestantes RhD negativo e parceiro RhD positivo, direcionado para pesquisar somente o anti-D. Em outros países, como no Reino Unido, todas as gestantes são testadas com CI no início da gestação e na 28ª semana de gestação. Um estudo realizado nos EUA encontrou AAI-CS associados com DHFRN em 1,0% das gestantes RhD positivas e 3,3% das RhD negativas. Estes dados reforçam a necessidade de ser reavaliada a inclusão do teste de CI no pré-natal de todas as gestantes para que, se tiverem AAI-CS, sejam classificadas como gestante de risco e devidamente acompanhadas durante toda a gestação até o pós-parto. Conclusão: Os hemocomponentes plasmáticos de doadores de sangue com PAI positiva são descartados evitando-se RHT. No entanto, as DSIG devem ser orientadas dos potenciais riscos dos AAI-CS causarem RHT caso necessitem de transfusão no futuro e, se engravidarem, desenvolver DHFRN. Além disso, a triagem de AAI-CS em gestantes RhD positivas poderia diminuir os riscos de DHFRN.
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