
Implantação de uma ferramenta digital para manejar os sintomas de pacientes com diagnóstico de Mieloma Múltiplo (MM) assistido por uma enfermeira navegadora, compreendendo os benefícios e os desafios ao paciente e atuação do enfermeiro.
Material e métodosForam selecionados 284 pacientes a partir do levantamento dos pacientes com diagnóstico de MM cadastrados na base de dados do serviço de arquivo médico e estatística através do CID-10. Foram excluídos pacientes encaminhados para realizar transplante de medula óssea autólogo e participantes em estudos de pesquisa clínica não foram selecionados. Do total, 108 foram elegíveis para o estudo. A abordagem dos participantes foi feita pela enfermeira navegadora que explicou as funcionalidades do aplicativo e a atuação junto a equipe de saúde. Os pacientes que concordaram em participar, assinaram o termo de consentimento e receberam um código para acesso ao aplicativo, do qual possibilita a navegação em um ambiente virtual individualizado sob acompanhamento da enfermeira. Para triagem dos sintomas o aplicativo utiliza a escala do Common Terminology Criteria for Adverse Events (CTCAE) com graduações medidas através de uma régua e com frases que descrevem os sintomas percebidos pelos pacientes. Casos com grau moderado disparam um alerta imediato para a equipe de saúde.
ResultadosNo período entre maio de 2021 a maio de 2023, todos os 108 pacientes foram abordados, 50 se cadastraram no aplicativo (adesão de 46%). Dos pacientes cadastrados: 26 são do sexo masculino (52 %) e 24 do sexo feminino (48 %). A média de idade foi de 63 anos (34-87; DP 12.). Em relação a linha de tratamento: 46% (23) estavam em primeira; 24% (12) em segunda; 24% (12) em terceira, 4% (2) em quinta linha e 2% (1) paciente sem tratamento iniciado. No aplicativo, 312 reports foram acusados, sendo que 146 estavam relacionados a sintomas; 49 sobre gratidão; 43 sobre sono; 40 registros de peso e 34 de atividade física. 26 pacientes reportaram sintomas dos quais os principais foram: fadiga (20%); dor (18%); constipação intestinal (11%) e diarreia (8%). Questões como problemas com cateter (3%) e casos como neutropenia periférica convulsão (2%) também apareceram. Em relação a gravidade: 32% (46) leve, 39% (57) moderado; 25% (37) grave e 4% (6) muito grave. Sobre as tratativas dos reports: 83% (122) foram resolvidas através da orientação de enfermagem, 8% (12) correspondem a sintomas do paciente reportando durante a instalação do aplicativo e os pacientes foram orientados e esclarecidos pela enfermeira, 4% (6) receberam orientação de enfermagem e compartilhado com a equipe médica para ciência; 2% (3) foram encaminhados para equipes de especialistas; 2% (3) encaminhamento direto o pronto atendimento; e 1% (1) foi encaminhado ao pronto atendimento por conduta médica.
DiscussãoO uso do aplicativo monitorado por uma enfermeira navegadora, possibilitou compreender e mapear os principais sintomas dos pacientes em tratamento, comunicar a equipe de maneira assertiva, definir condutas médicas e direcionar ao serviço de emergência de maneira mais rápida e coerente. O uso de tecnologias aplicadas a gestão de saúde estão cada vez mais presentes no dia-a-dia dos pacientes e instituições hospitalares. O movimento de pensar e repensar sobre novas formas de prestar assistência através de canais seguros e formais de comunicação com os pacientes, fomenta ações futuras para facilitar a jornada dos pacientes e manejo dos sintomas.