A história da doação de sangue no Brasil é marcada por desconhecimento, preconceitos e mitos. Estes remontam ao início do uso da terapia transfusional no país, quando a doação de sangue era remunerada. A Hemoterapia no Brasil só passa a ser vista enquanto política pública, na década de 80, quando houve aumento das contaminações sanguíneas a partir da transfusão. Nesse contexto, ocorre a implementação da rede de hemocentros e o enfoque na Doação Voluntária de Sangue – DVS. Diante da necessidade de buscar os doadores de sangue e difundir na sociedade uma cultura voltada a doação, enquanto ato de solidariedade e altruísmo, rompendo o lastro remunerado, a atividade de captação de doadores de sangue torna-se essencial. A captação de doadores consiste em divulgar a doação de sangue e torná-la uma ação presente no cotidiano da população, enquanto um hábito, um costume. Como ferramenta para inserção da DVS enquanto traço cultural é essencial a maior divulgação de informações sobre o tema. Para tanto, a educação em saúde é estratégia privilegiada para a implementação dessa cultura em torno da doação de sangue, inclusive nos serviços de saúde. É necessário construir coletivamente o conhecimento, para atingir o fim principal da atividade de captação: a conquista do doador voluntário e sua fidelização.

Demonstrar a importância das práticas educativas para sensibilização em torno da DVS e fortalecer essa prática como necessária para efetivação da captação nos serviços de saúde.

No mês de julho do ano corrente foi realizado pela equipe de Captação de Doadores do Hemocentro de Juiz de Fora/MG um treinamento online para captadores dos serviços de saúde atendidos pelo hemocentro. Ao final da capacitação foi disponibilizado questionário de avaliação onde foram solicitadas sugestões para potencializar ações de captação. Do total de participantes 47 responderam a avaliação.

Os participantes da capacitação sinalizaram em grande número a necessidade de ampliar o conhecimento acerca da doação, assim como a necessidade de sensibilização e/ou conscientização tanto de doadores quanto da equipe hospitalar da importância da captação/doação de sangue. Indicaram como instrumentos para realização dessa socialização de informações: atividades de capacitação, bem como palestras, grupos educativos e salas de espera. Diante desse achado fica evidenciada que a população, no geral, não reconhece a importância da doação de sangue como um ato altruísta necessário e rotineiro; bem como, dentro do ambiente hospitalar os profissionais têm um posicionamento distanciado das práticas de captação de doadores de sangue. Daí a sinalização da importância de momentos de divulgação de informações, espaços estes de educação em saúde através de uma perspectiva crítica de construção coletiva de conhecimento em torno da doação, desmistificando mitos e preconceitos historicamente construídos. Para efetivar esses momentos, os instrumentos elencados pelos captadores são essenciais para sensibilizar não só pacientes e familiares, mas também os profissionais de saúde quanto a necessidade da DVS, bem como incentivá-los a serem multiplicadores dessa informação. Assim, poderemos alcançar a efetivação das ações de captação e, ainda, inserir a doação na cultura da população brasileira.