O presente trabalho objetiva relatar a experiência da organização de uma campanha de doação de sangue durante o trote solidário dos calouros da Universidade do Estado do Pará (UEPA).

Consiste em um relato de experiência que visa descrever o ponto de vista dos autores, os quais são acadêmicos do centro acadêmico da universidade, na organização de uma campanha de doação de sangue que ocorreu durante a acolhida dos novos discentes de medicina da UEPA, utilizando o estigma dos trotes universitários, como quebra de paradigmas e conscientização para pautas importantes à sociedade e à formação médica.Assim, expõe um olhar qualitativo por meio de métodos descritivos e observacionais.

A ação ocorreu sob orientação da coordenadora do curso de Medicina, a qual é médica hematologista, com parceria da UEPA com a Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia do Pará (HEMOPA), ocorrendo no dia 28/07/2021 de 8h às 12h. Inicialmente, a instituição de ensino proporcionou um café da manhã e forneceu informações acerca da doação aos alunos no próprio refeitório universitário. Após este momento, a Fundação HEMOPA forneceu o transporte dos acadêmicos da UEPA ao posto de coleta de sangue. Ao chegarem na fundação, ocorreu a entrevista de 30 discentes, dos quais, 28 foram aprovados para realizar a doação. Ao fim da coleta de sangue, a instituição forneceu lanche aos alunos, que retornaram à universidade novamente por transporte da fundação.

Sabe-se que a fase inicial do ensino superior é marcada por diversas mudanças e desafios, os quais podem ser bem complexos. Junto a isso, a prática de trotes, que envolvem constrangimento e humilhação, pode contribuir para tornar esse processo mais difícil. Assim, a tendência atual tem sido a promoção de atividades solidárias em detrimento das velhas práticas degradantes. Uma dessas atividades é o incentivo e a realização da doação de sangue. Sobretudo, diante de uma realidade preocupante, caracterizada pela desproporção entre o número de doadores e a constante necessidade de sangue pela população, se mantém e preocupa profissionais da saúde, familiares e pacientes. Assim, o trote solidário alcançou a maioria dos calouros (60%), e destes, cerca de 93,3% foram considerados aptos e realizaram a doação de sangue, contribuindo para a manutenção da vida de até 112 pessoas. Além disso, favoreceu a integração mais saudável entre os acadêmicos, fortaleceu a articulação entre universidade e comunidade e, por fim, promoveu o protagonismo dos acadêmicos de medicina, cultivando valores como altruísmo e empatia desde o início do curso, de forma a conduzir a formação de um profissional mais humanizado e preocupado com a saúde da comunidade.

Diante do que foi exposto, conclui-se que a atividade realizada foi de extrema importância não só para a inserção dos novos universitários ao cenário acadêmico, mas também para a sensibilização da população quanto ao ato da doação de sangue, o que contribui de forma significativa para a manutenção dos hemocentros. Nesse sentido, o incentivo à realização de ações solidárias dentro das universidades torna-se imprescindível, tendo em vista os impactos positivos gerados na sociedade.