O presente estudo está classificado como qualiquantitativo, com objetivo de avaliar a quantidade de paciente hematológicos que utilizaram o dispositivo PICC, avaliar os principais motivos de retirada e suas complicações.

Estudo descritivo e retrospectivo, realizado no período de 2009 até 2021, no departamento de Hematologia do Hospital de Amor de Barretos-SP, com pacientes em tratamento de neoplasias hematológicas. Foram avaliados os seguintes dados: modelo implantado e motivo de retirada.

No período do estudo foram implantados 551 catéteres, com a média de implante anual de 46 implantes por ano. Foram utilizados catéteres da empresa BD®, de 3 modelos. O mais utilizado foi o Groshong com 65%, seguido por Power PICC com 33% e Power PICC Solo com 2%. 58% dos catéteres foram retirados por término de tratamento. 42% foram retirados por complicações. Destaca-se a perda dos cateteres por obstrução 1,3%, fratura do PICC 1,6%, mau posicionamento 5,8%, Trombose Venosa Profunda (TVP) com 8%, outros motivos com 9,3%, suspeita de infecção 10,76% e infecção confirmada 2,34%.

Foram elegíveis para o implante do PICC pacientes que necessitavam de elevado número ou frequência de infusões de quimioterapia, necessidade de múltiplas punções ou uso de quimioterápicos vesicantes. A escolha do modelo de catéter implantado era definida de acordo com as necessidades dos pacientes. Caso o paciente necessitasse de mais de 1 via, era optado pelo implante do PowerPICC por apresentar 2 vias, nos demais casos, era optado pelo PICC Groshong ou Solo, visto que ambos possuem somente 1 via para infusão. Toda avaliação pré implante referente ao modelo utilizado era realizada pelo enfermeiro habilitado e responsável pelo procedimento. Dentre as complicações observadas, obstrução pode ocorrer devido à precipitação de drogas dentro do lúmen, formando fibrinas ou falhas nos flushings e varia entre 2 à 44% (Jesus e Secoli, 2007) no setor verificamos incidência de 1,3%, menor que a literatura. Fratura do PICC pode ocorrer pela forma inadequada do manuseio do cateter ocasionada pela pressão na seringa durante o flushing; na literatura, encontramos incidência desta complicação variando de 9,5% (Mingorance et al. 2014) a 4% e 5% (Jesus e Secoli, 2007), enquanto no estudo apresentamos 1,6%. O mau posicionamento do cateter pode progredir para a veia jugular interna ou apresentar disritmia e varia entre 5 à 62% na literatura (Jesus e Secoli, 2007), no estudo a incidência foi de 5,8%. A TVP estava relacionada ao maior diâmetro do cateter inserido na veia e que varia de 4 a 38% (Jesus e Secoli, 2007), enquanto a média foi de 8%. A suspeita de infecção corresponde à 10,76% onde 2,34% foram confirmados para infecção por cultura, (Jesus e Secoli, 2007) a incidência varia entre 2 à 3%, já em Griffiths e Philpot (2002) verificaram que a taxa está entre 3% para PICC.

Conclui-se que o implante de catéter e seu uso, foi benéfico, possibilitando infusão de quimioterapia com poucas complicações, com a maioria conseguindo terminar o tratamento proposto. Quando comparado com a literatura tivemos poucas complicações, com incidência menor em alguns aspectos e dentro do esperado em outros. Concluímos que é um dispositivo seguro para o paciente, e que o bom resultado obtido no serviço provavelmente se deve ao treinamento constante da equipe, às boas práticas no manuseio do cateter pela enfermagem e à orientação dos pacientes para cuidado domiciliar.