Analisar o perfil dos procedimentos de recuperação intraoperatória de sangue e o impacto na redução de transfusões nos transplantes hepáticos realizados nos hospitais conveniados à rede SESA(CE)/SUS na cidade de Fortaleza no ano de 2021.

Trata-se de um estudo observacional, quantitativo e descritivo de corte transversal, no qual foram coletados dados das fichas de procedimentos da Recuperação Intraoperatória de Sangue Automática (RIOS), realizados em instituições de saúde conveniadas à rede SUS na cidade de Fortaleza, no ano de 2021. Foram incluídas no estudo transplantes em adultos, realizadas pelos hospitais conveniados à rede SESA(CE)/SUS em Fortaleza (CE). Utilizou-se como critério de exclusão: cirurgias em que houve solicitação de procedimento RIOS, mas não houve a realização da montagem de equipamento por consenso da equipe transplantadora no pré-operatório imediato na sala de cirurgia.

Foram analisados procedimentos de RIOS em transplantes hepáticos realizados em 04 (quatro) instituições de saúde conveniadas à rede SESA (CE)/SUS. A indicação de RIOS nessas cirurgias seguiu protocolos usuais do serviço. Ao total 85 procedimentos RIOS foram realizados nas cirurgias de transplante hepático no ano de 2021, o volume total de sangue recuperado ao longo do ano foi de 62.503 ml, com uma média de aproximadamente 735ml de sangue recuperado por procedimento. Em seis (6) solicitações de RIOS, não houve montagem do equipamento, de acordo com orientação da equipe transplantadora.

A Recuperação Intraoperatória Automática de Sangue (RIOS) é uma técnica que permite autotransfusão, evitando procedimentos transfusionais alogênicos no perioperatório e, consequentemente, reduzindo os riscos de reações e infecções transfusionais. Outra vantagem da técnica se concentra na redução da necessidade de hemocomponentes, diminuindo a pressão sobre os estoques de sangue. O transplante de fígado é categorizado como uma cirurgia de grande porte e complexidade. Juntamente a isso, existe grande probabilidade de perda de fluido e sangue, pois o fígado é um dos órgãos responsáveis pela coagulação sanguínea e é o responsável pela síntese/secreção de albumina. De acordo com ESPÏNOLA, et al, o banco de sangue ou agência transfusional é essencial na prestação de serviço de apoio a esses procedimentos e, associado ao procedimento RIOS, permite uma maior segurança ao paciente. Nosso estudo mostrou um volume de sangue recuperado nos transplantes ao longo do ano de 2021 de 62.503ml que corresponderiam em comparativo com volumes absolutos a um total de aproximadamente 250 unidades de Concentrados de Hemácias de economia nos estoques do hemocentro. Ademais a média de volume recuperado durante os procedimentos no mesmo ano foi de 735ml por procedimento, onde mostrou que estamos acima da média de estudos nacionais que apresentam em torno de 615ml por procedimento RIOS.

O procedimento RIOS é uma técnica consolidada em serviços de Hematologia e Hemoterapia e apresentou resultado satisfatório e expressivo nos transplantes hepáticos ao longo do ano de 2021 no nosso estudo, e isso permitiu uma diminuição da pressão sobre os estoques de hemocomponentes alogênicos do hemocentro, causada por esses tipos de cirurgias, além disso permitiu uma maior segurança do paciente e da equipe transplantadora, demonstrando dessa forma que os protocolos e critérios para solicitação de RIOS estão sendo efetivos e bem indicados.