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Vol. 44. Issue S2.
Pages S364 (October 2022)
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TROMBOCITOPENIA LIGADA AO X
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AC Coletti, FM Barbosa, M Pizza, ML Borsato, P Bruniera, JF Fernandes, SM Luporini
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Disciplina de Onco-Hematologia Pediátrica, São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 44. Issue S2
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Introdução

Síndrome de Wiskott-Aldrich (WAS) é uma condição genética ligada ao cromossomo X, causada por mutações no gene WAS, que codifica a proteína da síndrome de Wiskott-Aldrich (WASp) expressa em células hematopoéticas. Há um amplo espectro de gravidade da doença devido a mutações genéticas em gene WAS, variando de fenótipo grave como WAS Clássica associado a infecções bacterianas e virais, eczema grave, autoimunidade e/ou malignidade; uma forma mais branda caracterizada por trombocitopenia e infecções menos graves, podendo apresentar leve eczema, referido como 1trombocitopenia ligada ao X e ao fenótipo clínico mais raro de neutropenia ligada a X.

Relato do caso

masc, 5a, filho único, pais jovens, não consanguíneos. Ao nascimento internado por icterícia, presença de anticorpos maternos. Iniciou seguimento aos 2 meses ‒ trombocitopenia imunológica secundária a anticorpos maternos (Plaq 52.000 μL). Mielograma: S. megacariocítica numericamente normal, raros em plaquetogênese. Evoluiu com trombocitopenia moderada e períodos < 10.000 μL terapias de resgate com imunoglobulina humana e corticoterapia. Quando o quadro se agravou iniciada Azatioprina ‒ curso de 4 meses, sem resposta. Novo mielograma: Série megacariocítica normocelular e hipoplaquetogênica. Contagens plaquetárias ≤ 10.000 persistentes submetido à esplenectomia aos 3 anos ‒ alcançou plaquetas 150.000‒450.000 μL, sustentada. Meses após esplenectomia iniciou quadro de dermatite atópica leve/moderada. Aos 4 anos de idade quadro de otite média aguda por Haemophilus, não complicada. Aos 4,5 anos internado por sepse Pneumococo, evoluindo com choque tóxico e necrose tubular aguda, necessitando diálise peritoneal prolongada, com alta após 2 meses. Sequenciamento Genético identificou variante patogênica c.295C > T:p(Gln99*) no exon 3 do gene WAS em hemizigose. Trata-se de variante nonsense que introduz um códon de parada precoce da tradução proteica resultando em ausência da proteína WASp. Segue ambulatório na hematologia pediátrica e multiprofissional. Mantem quadro de dermatite atópica leve/moderada e contagem plaquetária normal. Obteve doador HLA-idêntico no REREME/Inca e está em programação para TCTH no serviço de TMO do ITACI – HC/USP.

Discussão

Na deficiência de WASp ocorrem defeitos no citoesqueleto das células do sistema imune que comprometem vários aspectos da atividade celular normal e alterações numéricas e morfológicas em plaquetas. Plaquetopenia de início precoce ocorre em 90% dos casos por trombopoese ineficaz, redução da sobrevida e/ou eventos autoimunes e 50% desenvolvem dermatite atópica. Doenças autoimunes ocorrem em 40% dos casos. Metade dos pacientes apresentam o fenótipo WAS clássico, e os demais seguem com Trombocitopenia Ligada ao X (XLT) e muito raramente neutropenia ligada ao X (XLN).

Conclusão

Suspeita de WAS deve ser considerada em pacientes masculinos que apresentam sufusões hemorrágicas mucocutânea e trombocitopenia de início precoce. Conforme o sistema de pontuação nosso paciente não apresenta a forma clássica de WAS; mas sim, TLX associada a autoimunidades. A expectativa de vida em pacientes com WAS clássica é reduzida por maior incidência de eventos infecciosos, hemorrágicos, doenças autoimunes e neoplásicas. O único tratamento curativo disponível atualmente para a WAS é o transplante de células-tronco hematopoiéticas e, possivelmente no futuro, a terapia gênica.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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